O Tribunal Internacional Criminal da Organização das Nações Unidas para Ruanda condenou nesta terça-feira o ex-comandante do Exército do país, general Augustin Bizimungu, a 30 anos de prisão, por sua participação no genocídio no país africano em 1994.
Estima-se que pelo menos 800 mil pessoas foram mortas ao longo de cem dias durante a violência sectária na qual ruandenses da etnia hutu atacaram compatriotas da etnia tutsi. O Tribunal também condenou o ex-chefe da polícia paramilitar na época, Augustin Ndindiliyimana, mas ele acabou sendo solto, por já ter cumprido 11 anos de prisão, depois de ter sido detido na Bélgica em 2000.
O major François-Xavier Nzuwonemeye, ex-comandante de um batalhão de reconhecimento, e seu número 2, o capitão Innocent Saghahutu, receberam também sentenças de 20 anos por crimes contra a humanidade. Eles são acusados de ter ordenado o assassinato do primeiro-ministro Agathe Uwilingiyimana em 1994. Oito integrantes de forças de paz da Bélgica que faziam a proteção do primeiro-ministro também foram mortos no ataque, provocando a retirada das tropas da ONU de Ruanda.
Genocídio
Bizimungu e Ndindiliyimana são as mais destacadas autoridades de Ruanda a terem sido condenadas pelo Tribunal Internacional Criminal para Ruanda, estabelecido em Arusha, na Tanzânia, para julgar os responsáveis pelo genocídio no país vizinho. ''É uma decisão bem-vinda por parte do tribunal. Dentro do contexto, é uma sentença importante. Ainda que muitas pessoas achassem que ele merecia a pena máxima'', afirmou o promotor-chefe de Ruanda, Martin Ngoga.
O tribunal julgou que Bizimungu, que foi preso em Angola, em 2002, tinha pleno controle sobre os homens que comandava em 1994. Ndindiliyimana, no entanto, foi avaliado como tendo somente ''controle limitado'' sobre suas tropas e teria se oposto à matança.
De acordo com o repórter da BBC em Nairóbi Will Ross, Bizimungu não esboçou reação durante a leitura de sua sentença. O general de 59 anos de idade é acusado de ter ido à casa de militantes e dado ordens para que eles matassem todos os tutsis que encontrassem - pessoas a quem ele chamava de ''baratas''.
De acordo com o repórter da BBC, Bizimungu teria prometido aos seus comandados, da etnia hutu, armas e combustível para incendiar casas.