O misterioso fundo soberano do governo da Líbia tem US$ 32 bilhões depositados em vários bancos dos EUA, distribuídos em contas com até US$ 500 milhões cada, além de investimentos em Londres, segundo comunicações diplomáticas norte-americanas divulgadas pelo site de vazamentos WikiLeaks.
O documento reflete um encontro realizado em janeiro entre o chefe da Autoridade Líbia de Investimentos (ALI) e o embaixador dos EUA em Trípoli.
A divulgação ocorre num momento em que os governos dos EUA e da Europa cogitam congelar bens do governo líbio, por causa da repressão a manifestantes contrários ao líder líbio, Muammar Kadhafi, e que já provocou centenas de mortes.
A ALI controla os fundos soberanos em que são depositados os dividendos petrolíferos da Líbia. Estima-se que administre cerca de US$ 70 bilhões, e que isso inclua ações europeias valorizadas, como do banco italiano UniCredit e do grupo editorial britânico Pearson.
Na reunião de 20 de janeiro, Mohamed Layas, diretor da ALI, disse ao embaixador dos EUA que o fundo operava com alta liquidez e não estava preocupado com a volatilidade do mercado petrolífero. "Temos US$ 32 bilhões em liquidez, a maioria em depósitos bancários que nos dão bons dividendos em longo prazo", disse Layas na reunião em seu gabinete, com vista para o mar Mediterrâneo, segundo o documento veiculado. "Ele explicou que vários bancos americanos estão gerenciando, cada um, entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões em fundos da ALI (...). Ele afirmou que os investimentos primários são em Londres, em bancos e em imóveis residenciais e comerciais', diz o despacho diplomático.
A ALI é um dos fundos soberanos menos transparentes do mundo, fortemente ligado ao governo. Num raro relatório anual em 2009, informou possuir mais de 78% do seu patrimônio em 'instrumentos financeiros de curto prazo no exterior'.
Layas disse que a ALI prefere atuar em Londres, em vez dos EUA, por causa da facilidade para fazer negócios e do sistema tributário relativamente simples, segundo os documentos.