A embarcação Amalthea, que leva 2.000 toneladas em alimentos e remédios para a população da faixa de Gaza, decidiu mudar de rota e seguir para o porto de El Arish, no Egito, informou a organização de caridade responsável pela missão humanitária.
''Nós começamos a mudar a rota do navio em direção a El Arish'', disse Youssef Sawani, diretor da Fundação Gaddafi para a Caridade e o Desenvolvimento, em coletiva em Tripoli.
O diretor da autoridade portuária do Egito, Gamal Abdel Maqsoud, disse que o capitão do navio pediu autorização para atracar em El Arish, que fica na costa do Sinai, perto de Gaza.
Anteriormente, Israel havia alertado que impediria que o navio chegasse até Gaza, que é dominada pelo grupo radical islâmico e está sob bloqueio de Israel. Embarcações israelenses escoltam o Almathea há horas para impedir que o navio siga viagem até a região.
De acordo com o jornal israelense ''Haaretz'', que cita a rádio estatal de Israel, um empresário austríaco de origem judaica, Martin Schlaff, estaria atuando como mediador entre o governo israelense e Saif al Islam Gaddafi, filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, que chefia a fundação que financiou o navio.
Porta-vozes do Exército israelense negaram um cerco ao navio. ''Não estamos cercando, estamos seguindo'', disse um oficial militar ao jornal israelense, em Tel Aviv.
Segundo o ''Haaretz'', a bordo do Amalthea há um correspondente da rede de TV Al Jazeera, que reportou a presença de dois navios militares da Marinha israelense com a missão de evitar que a embarcação naveguem em direção à costa de Gaza.
A maioria dos ativistas e tripulantes a bordo são da Líbia, mas há também cidadãos da Síria, Índia, Haiti, Argélia, Marrocos e Nigéria. O capitão do navio é de nacionalidade cubana.
PROVOCAÇÃO
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, declarou no final de semana em um comunicado enviado à imprensa que o navio é ''uma provocação desnecessária'', já que a carga pode chegar à faixa de Gaza pelo porto israelense de Ashdod ou o egípcio de El Arish ''após a comprovação de que não há armas''.
Israel impôs um bloqueio marítimo a Gaza em junho de 2007, quando o movimento islâmico Hamas assumiu o controle do território e expulsou os moderados ligados ao presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas.
Recentemente, o governo israelense suspendeu algumas das restrições por causa das pressões internacionais após a morte de nove ativistas turcos na abordagem militar em 31 de maio a uma frota de seis navios que levava ajuda humanitária para a faixa de Gaza.
Apesar do alívio do bloqueio, persiste o cerco terrestre, marítimo e aéreo à faixa, que Israel justifica com a necessidade de impedir que armas cheguem às milícias palestinas.