Nos EUA, enfermeira terá quarentena forçada

Enfermeira Kaci Hickox deverá ter 'monitoramento ativo direto', diz decisão. Ela tratou de pacientes com ebola em Serra Leoa, país afetado pelo vírus.

Fonte: Bem Estar - Globo.comAtualizado: sexta-feira, 31 de outubro de 2014 às 17:13
Kaci Hickox e seu namorado Ted Wilbur passeam de bicicleta em Fort Kent, no Maine, nos Estados Unidos. Hickox tratou pacientes com ebola em Serra Leoa e, apesar de testar negativo para o vírus, deveria ficar em quarentena até 10 de novembro
Kaci Hickox e seu namorado Ted Wilbur passeam de bicicleta em Fort Kent, no Maine, nos Estados Unidos. Hickox tratou pacientes com ebola em Serra Leoa e, apesar de testar negativo para o vírus, deveria ficar em quarentena até 10 de novembro

A disputa entre o Estado norte-americano do Maine e uma enfermeira que tratou de pacientes com ebola em Serra Leoa esquentou nesta sexta-feira (31), quando um juiz emitiu uma ordem provisória forçando a profissional de saúde a cumprir um período de quarentena, após ela ter ignorado autoridades e saído de casa para um passeio de bicicleta.

A decisão de Charles LaVerdiere, juiz presidente da corte distrital do Maine, determina que a enfermeira Kaci Hickox seja submetida a "monitoramento ativo direto" e que "não compareça a locais públicos" como shopping centers, cinemas e locais de trabalho, exceto para receber tratamento necessário.

A ordem temporária, no entanto, permite que a enfermeira participe do que o juiz chamou de atividades públicas sem reunião de pessoas, como caminhar ou correr no parque, mas a orienta a manter distância de um metro de qualquer pessoa.

A disputa sobre a quarentena entre a enfermeira e as autoridades do Maine se tornou o foco de uma polêmica envolvendo vários Estados norte-americano que decidiram impor medidas restritivas para prevenir o ebola e um governo federal cauteloso que isso possa prejudicar a ida de voluntários da área de saúde para combater o surto de Ebola na África Ocidental.

ONG condena governo americano
Para a organização Médicos Sem Fronteiras, quarentenas obrigatórias a médicos e enfermeiros que retornam de regiões com surto de ebola criam um "efeito paralisante" nas operações do grupo humanitário.

A ONG discute a possibilidade de encurtar algumas atribuições como resultado de restrições impostas por alguns Estados desde que um de seus médicos norte-americanos, Craig Spencer, foi hospitalizado em Nova York na semana passada com o vírus.

"Está havendo um aumento de ansiedade e confusão entre os integrantes da equipe do MSF em ação sobre o que eles podem enfrentar quando voltarem para casa após a conclusão de suas atribuições na África Ocidental", disse a diretora-executiva do Médicos Sem Fronteiras, Sophie Delaunay, em comunicado.

Viagens adiadas
Alguns trabalhadores do MSF estão atrasando o seu retorno para casa depois de suas atribuições e permanecem na Europa por 21 dias, período máximo de incubação do Ebola, "a fim de evitar enfrentar a crescente estigmatização e possíveis quarentenas", segundo Delaunay. "Algumas pessoas estão sendo desencorajadas por suas famílias a retornar para o campo (região com a doença)", disse ela.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou novo balanço esta semana, em que relata um total de 4.920 mortes e 13.703 casos nos oito países afetados pelo surto até 27 de outubro. A agência das Nações Unidas afirmou ter tentado atualizar seus dados depois que exames laboratoriais descartaram muitos diagnósticos falsos --mortes "prováveis" e "suspeitas" que na verdade não foram causadas pelo vírus.

 

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