A Organização das Nações Unidas disse nesta terça-feira, 27, que retirou temporariamente seus funcionários e encerrou sua missão em Kandahar, a cidade afegã que teve sua segurança deteriorada antes do começo de uma importante ofensiva militar.
A porta-voz da ONU Susan Manuel disse que alguns empregados estrangeiros no escritório de Kandahar foram transferidos por segurança a capital Cabul, e que havia sido dito aos funcionários afegãos que permanecessem em seus postos.
A porta-voz não disse quantos empregados internacionais foram retirados e quantos permaneceram na cidade, ou se havia uma ameaça específica que levou a organização a tomar essa decisão.
"A situação de segurança chegou a um ponto onde tivemos que retirá-los ontem (...) Esperamos que possamos voltar e seguir fazendo o que estivemos fazendo. Vemos essa situação como temporária", declarou Manuel.
Forças da OTAN planejam nos próximos meses em Kandahar - a principal cidade do sul do país e centro do movimento taleban - a maior ofensiva militar da guerra que já dura quase nove anos.
De acordo com os planos, que começarão a desenvolver em junho, cerca de 8.000 soldados americanos e canadenses assegurarão áreas rurais em torno da cidade enquanto que uma brigada recém enviada de 3.500 efetivos americanos escoltará 6.700 policiais afegãos em áreas urbanas.
No total, a ofensiva envolverá cerca de 23 mil efetivos terrestres da OTAN e policiais afegãos.
Nas últimas semanas foi observado um aumento no ataques e assassinatos na cidade, que possui cerca de 500 mil habitantes. Os ataques com bombas ocorrem quase que diariamente, com insurgentes realizando ataques suicidas e incursões durante as últimas semanas.
O chefe do conselho provincial de Kandahar, o meio-irmão do presidente Hamid Karzai, Ahmad Wali Karzai, disse que a ONU está tendo uma reação extremada ao retirar seus funcionários da região.
"Condenamos energeticamente esse ato da ONU de retirar-se de Kandahar. Essa é uma decisão irracional que não foi discutida com as autoridades locais", disse em uma coletiva de imprensa.
"A situação não é tão ruim como acha a ONU (...) eles não estão aqui para uma festa. Eles sabem que estão em uma zona de guerra. Essa decisão deixará uma má impressão no cidadãos de Kandahar", manifestou Karzai.