Reuters
Com imagens marcantes e frases momentâneas, o papa Bento 16 está montando um último testamento para a sua Igreja Católica Romana, pedindo aos líderes que ponham de lado suas rivalidades e pensem apenas na unidade da fé.
A mensagem, passada em declarações antes e depois de seu surpreendente anúncio de renúncia na segunda-feira, é como uma censura velada aos principais cardeais que disputam influência no conclave que se aproxima e no papado que vai produzir.
Bento 16, de 85 anos, vai deixar o cargo em 28 de fevereiro, suscitando um novo conclave - a eleição papal, feita a portas fechadas-- em meados de março, sem um favorito claro e várias facções já apresentando suas ideias sobre quem deve ser o novo pontífice.
Desde que o sucedeu em 2006, Bertone expurgou vários dos protegidos de Sodano do poderoso Secretariado de Estado, despachando-os para postos de embaixador no exterior ou para papéis menos centrais dentro do próprio Vaticano.
Muitas das gafes da era de Bento 16, de sua palestra em Regensburg em 2006 que enfureceu os muçulmanos aos documentos vazados no escândalo do Vatileaks, são atribuídas pelo campo de Sodano à má gestão de Bertone.
Os documentos vazados publicados em maio no livro \"Sua Santidade\" documentavam casos de corrupção e brigas dentro dos muros do Vaticano, muitas delas refletindo uma reação interna contra Bertone e sua liderança.
O julgamento em outubro passado do mordomo do papa por vazar os documentos deixou muitas perguntas sobre uma intriga maior no Vaticano sem respostas.
O Vaticano nunca publicou seu próprio inquérito interno sobre o escândalo, que pode ter revelado ao papa uma luta em escala maior do que ele imaginava.