Os responsáveis pela repressão violenta das manifestações que derrubaram o presidente da Tunísia Zine El Abidine Ben Ali e mataram 78 pessoas "serão julgados", afirmou o primeiro-ministro tunisiano, Mohammed Ghannuchi em entrevista à rádio francesa Europe 1.
"Todos os que provocaram esta matança serão julgados", disse Ghannouchi, primeiro-ministro desde novembro de 1999 e que foi confirmado no cargo pelo novo governo .
Mohammed Ghannouchi afirmou ainda que, durante a crise, não ordenou disparos contra os manifestantes.
O premiê disse ainda que os ministros de Ben Ali, confirmados no novo governo de união nacional formado na segunda-feira, têm as "mãos limpas" e atuaram para "preservar o interesse nacional".
"Conservaram os cargos porque precisamos deles nesta fase de construção democrática, na qual temos que preparar as eleições em seis meses e garantir a segurança", declarou Ghannouchi.
"Todos têm as mãos limpas e são muito competentes. Têm méritos. Graças à dedicação deles conseguiram reduzir a capacidade de dano de alguns", afirmou o primeiro-ministro, ao ser questionado sobre o descontentamento provocado em alguns setores pelo anúncio do novo goverrno.
"Manobraram, tergiversaram, ganharam tempo para preservar o interesse nacional", insistiu Ghannouchi a respeito das críticas de parte da oposição.
Ao ser questionado sobre a situação do líder islâmico tunisiano Rachid Ghannouchi, exilado em Londres, o premiê afirmou que ele só poderá voltar ao país se uma lei de anistia anular a condenação à prisão perpétua recebida em 1991.
Além disso, Mohammed Gannouchi declarou ter a "impressão" de que nos últimos meses Leila Trabelsi, a esposa do presidente deposto, era quem comandava o país.
Protestos continuam
A polícia tunisiana dispersou com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes mais de 100 manifestantes que protestavam contra a presença de ex-ministros doo presidente Zine El Abidine Ben Ali no governo de transição.
Os manifestantes gritaram frases contra o partido RCD de Ben Ali.
"Podemos viver apenas com pão e água, mas não com o RCD", gritaram.
A polícia dispersou a manifestação, mas outros protestos estavam previstos para esta terça-feira.