A queda da primeira-minista Michèle Pierre-Louis pode trazer mais instabilidade ao Haiti e atrapalhar a missão da ONU liderada pelo Brasil, prioridade da política externa brasileira para chegar ao Conselho de Segurança.
O Senado do Haiti derrubou na madrugada desta sexta (30) a primeira-ministra Michèle Pierre-Louis. Os senadores aprovaram uma moção de censura contra a chefe de governo por 18 votos a favor e uma abstenção, em uma sessão de mais de dez horas. A troca de governo pode trazer implicações à missão de paz da ONU comandada pelo Brasil (prioridade da política externa brasileira).
Os senadores presentes nos debates, a maioria ligados ao chefe de Estado, também aprovaram uma resolução que pede ao presidente René Preval que designe rapidamente um novo primeiro-ministro para a formação de um novo governo.
Antes da sessão, diplomatas em Porto Príncipe e parte da opinião pública haitiana manifestaram o temor de que a mudança de governo resulte em uma nova crise política no país.
Ligada ao presidente, Michele chegou ao poder em setembro de 2008.
A primeira-ministra não respondeu à convocação dos parlamentares da maioria, do partido Lespwa (a esperança em francês creole), por considerar que os senadores já haviam tomado uma decisão antes da sessão.
Brasil
A pouca estabilidade que existe hoje no Haiti é garantida pela Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti), que é comandada pelo Brasil. São 1.300 militares brasileiros no país, num total de 9.000 soldados e 2.000 civis.
O Haiti é o país mais pobre do Hemisfério Ocidental e a missão foi instaurada depois que o presidente Jean-Bertrand Aristide foi para o exílio em 2004.
A garantia de estabilidade no Haiti é uma das prioridades da política externa brasileira, que espera conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações
Unidas. Por isso, a missão é vista como um teste para o Brasil, que precisa ter sucesso.