As forças de segurança da Líbia mataram pelo menos 24 manifestantes e feriram dezenas deles desde a terça-feira, ao disparar diretamente contra a multidão que participa dos protestos pacíficos contra o regime, afirmou nesta sexta-feira (18) a organização Human Rights Watch, citando testemunhas.
"As autoridades deveriam parar de utilizar a força, a menos que seja absolutamente necessário, para proteger vidas, e abrir uma investigação independente sobre as mortes", indicou a HRW em um comunicado.
"Segundo várias testemunhas, as forças de segurança líbias dispararam e mataram manifestantes para dispersar as passeatas de protesto", acrescenta a nota da ONG. O Exército foi mobilizado nesta sexta-feira nas ruas de Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, onde milhares de pessoas voltaram a protestarprotestaram durante a madrugada por causa das mortes.
Na quinta-feira, centenas de manifestantes marcharam nas cidades de Al Baiba, Benghazi, Zenten, Derna e Ajdabiya.
Um veículo de informação líbio e fontes médicas mantêm o balanço informado na quinta-feira, de nove mortos.
Os manifestantes pedem a saída do líder Muammar Gaddafi, cujo governo reagiu rapidamente à onda de protestos levantados por Egito e Tunísia. Ele propos dobrar o salário do funcionalismo e soltou 110 militantes oposicionistas.
Manifestantes favoráveis a Gaddafi, que está no poder desde 1969, também foram às ruas, para se contrapor aos protestos oposicionistas. Nesta sexta, os comitês revolucionários, pilares do regime, ameaçaram os manifestantes contra o poder com uma resposta "violenta e fulminante".
Egito e Tunísia inspiram
A repressão a protestos contra os governos também deixou mortos e feridos no Bahrein, no Iêmen e no Curdistão iraquiano .
Os atos são inspirados nas revoltas populares que derrubaram os governos da Tunísia e do Egito e que se espalham por países muçulmanos de regime autocrático nos últimos dias.
Bahrein
Milhares de pessoas compareceram nesta sexta ao funeral de dois xiitas mortos pela violenta repressão policial a uma manifestação contra o governo do Bahrein, na capital Manama, na véspera.
A multidão acompanhou a pé os dois carros fúnebres que transportaram para a aldeia xiita de Sitra (leste de Manama) os corpos de Ali Khodeir, de 53 anos, e Mahmub Mekki, de 23, envoltos na bandeira nacional.
Os dois homens foram mortos quando participavam de uma vigília pacífica na Praça da Pérola para reivindicar reformas políticas. "Nem xiitas, nem sunitas. Unidade nacional" e "Sunitas e xiitas são irmãos", gritavam os manifestantes que assistiam ao enterro, segundo testemunhas.
Outros iam mais além, pedindo a queda do regime em meio à cerimônia fúnebre.
O Bahrein, pequeno arquipiélago do Golfo com um milhão de habitantes, é governado por uma dinastia sunita, embora a maioria de sua população seja formada por muçulmanos xiitas.
A repressão policial aos protestos deixou três mortos e 200 feridos, de acordo com as autoridades, e quatro mortos segundo a oposição xiita.
Ao todo, cinco pessoas já morreram desde segunda-feira, quando tiveram início as manifestações, segundo fontes oficiais.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pediu moderação à polícia e às partes envolvidas . Iêmen
Três pessoas morreram e 19 ficaram feridas nos violentos confrontos entre a polícia e os manifestantes que protestaram contra o governo iemenita na noite de quinta-feira na cidade de Aden, no sul do país, segundo um novo balanço divulgado nesta sexta por fontes hospitalares.
Com estas novas vítimas, somam cinco as vítimas da repressão policial contra as manifestações nas últimas 48 horas. Os enfrentamentos continuaram noite adentro em vários bairros de Aden entre manifestantes que exigem a queda do regime de Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos, e a polícia.
Novos protestos estavam previstos para esta sexta.