A decisão do DEM de abrir processo de expulsão contra o governador José Roberto Arruda (DEM-DF), mas com o prazo de oito dias para ele se defender das acusações do episódio do mensalão do Distrito Federal, sem expulsá-lo imediatamente do partido, rachou a cúpula do Democratas. O presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ), teve o apoio da maioria da executiva nacional do DEM para evitar a expulsão sumária de Arruda, mas a decisão foi criticada por líderes democratas na Câmara e no Senado.
''Eu preferia que o partido tivesse tomado a decisão que formulamos [de expulsão sumária], mas respeitamos a posição do partido. Se tivéssemos tido o apoiamento de outros parlamentares, poderia ter havido sobrevida à nossa tese'', disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) acusou Maia de avocar para si a decisão de dar prazo de defesa a Arruda, sem colocar em votação na executiva a tese da expulsão sumária. ''O presidente Rodrigo Maia avocou para ele e decidiu sozinho. Tem que ter coragem, mas faltou ao partido'', criticou o senador.
Demóstenes, Agripino e o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), apresentaram durante reunião da executiva nacional petição com a proposta de expulsão sumária de Arruda. A tese, porém, não recebeu o apoio formal de nenhum outro membro da executiva presente à reunião. Mais de 30, dos 45 integrantes da executiva, se reuniram nesta terça-feira para definir o destino de Arruda na legenda.
Demóstenes disse que o DEM deixou de lado o regimento interno do partido ao conceder prazo que, na sua avaliação, não existe em casos como o de Arruda. Maia, por sua vez, disse que a decisão seguiu ''ntegralmente''o regimento do DEM.
Em defesa do prazo de defesa, Maia disse que o partido vai concluir todo o processo de análise de expulsão do governador em oito dias. ''Dar apenas oito dias para se defender não é radicalizar? São oito dias de prazo de defesa, a partir daí poderemos julgar, e vamos julgar. O desgaste está dado. Dia 10 faremos o julgamento desse processo'', disse Maia.
O presidente do DEM reconheceu que as denúncias contra Arruda são graves, mas disse que o partido não pode agir sem respeitar a prerrogativa de defesa do acusado. ''Se dá o direito de defesa e teremos celeridade na decisão. Não faltou coragem porque outros partidos que tiveram os seus problemas nunca decidiram. Que outro partido teve coragem de julgar aqueles seus?'', questionou Maia.
Paulo Octávio
A Executiva do DEM não analisou o caso do vice-governador do DF, Paulo Octavio (DEM), acusado ao lado de Arruda de participar do suposto esquema de pagamento de propina a integrantes da base aliada na Câmara Legislativa.
Maia disse que ainda não chegou à Executiva proposta para a análise de expulsão de Paulo Octavio, embora o partido esteja ''muito preocupado'' com as acusações. ''O que o partido não pode fazer é ir empurrando para o problema sair da mídia.''
O presidente do DEM rebateu as especulações de que Arruda teria ameaçado a cúpula do partido em reunião realizada ontem caso a legenda decidisse expulsá-lo sumariamente. ''Ameaça não existe, é uma besteira.'' Maia também negou que sua amizade pessoal com Arruda tenha o levado a defender o prazo de defesa do governador, sem a expulsão sumária.
''As questões pessoais não passam da porta para dentro. É uma coisa muito ruim, de difícil defesa, mas o governador tem o direito de defesa'', afirmou.
Por Gabriela Guerreiro