Às vésperas do aniversário de 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Estado iniciaram uma aproximação com o governo de Simão Jatene (PSDB).
É a primeira vez que eles decidem dialogar com um governador tucano paraense _em 1996, quando 19 sem-terra foram mortos em confronto com policiais militares, o governador era o também tucano Almir Gabriel.
A primeira reunião, realizada na noite de terça-feira (5), funcionou como um "bate-papo", segundo um dos coordenadores do movimento, Eurival Martins Carvalho.
Nenhum acordo foi firmado. Só no dia 26 de abril o MST entregará uma pauta de reivindicações.
Segundo Carvalho, entre as cobranças estão assistência técnica para agricultores rurais, aumento de escolas no sul e sudeste do Pará (onde se concentram os sem-terra) e a implantação de uma universidade para membros do movimento.
"Temos uma pauta a oferecer e o governo tem obrigação de resolver os problemas do povo, seja o partido que for", disse.
Segundo ele, nenhuma invasão de terra está prevista para ocorrer no Estado durante o "abril vermelho", tradicional jornada de ações do movimento em lembrança ao massacre de 1996.
O coordenador, no entanto, disse que a conversa com o governo não é uma "camisa de força" e que as ações do movimento dependem também de outros integrantes.
Designado interlocutor com sem-terra, o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal, José Colares, disse que a reunião foi "uma primeira aproximação" entre as partes.
De acordo com ele, o governo demonstrou interesse em ouvir demandas, mas falou em limitações do Estado e na necessidade de definir prioridades.
MASSACRE
No dia 17 de abril de 1996, cerca de 150 policiais militares entraram em confronto com 3.500 sem-terra em Eldorado dos Carajás.
Os sem-terra haviam saído de Curionópolis e iam a Marabá para reivindicar a desapropriação de uma fazenda e bloquearam uma rodovia.
Foram condenados no caso o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Oliveira, que permanecem em liberdade.
A defesa apresentou um embargo, que será julgado no dia 13 de abril no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Todos os outros policiais envolvidos foram absolvidos.