Um agente penitenciário aposentado foi assassinado e dezessete novos ataques foram registrados nesta segunda-feira (29), quarta noite da nova onda de violência em Santa Catarina. Esta foi a primeira morte registrada desde que as ações orquestradas pela facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) contra alvos policiais e transporte urbano começaram, na sexta (26).
Luiz Dalagnol levou dois tiros nas costas e um na cabeça quando estava na porta de casa, em Criciúma (220 km de Florianópolis). Segundo o delegado Vitor Bianco, que investiga o crime, não houve testemunhas.
Até agora são oito as cidades atingidas: Florianópolis, São José, Palhoça, Tijucas, Criciúma, Chapecó, Navegantes e Itapema.
A PM (Polícia Militar) informou que cinco ônibus estacionados no pátio de uma escola em Tijucas, 50 km de Florianópolis, foram incendiados durante a madrugada desta terça (30). Além disso, mais três ônibus incendiados em outros pontos do Estado, sendo um em Florianópolis, perto da Base Aérea, um em Navegantes (111 km de Florianópolis) e um em Itapema (60 km da capital).
Segundo a PM, os criminosos assaltaram os passageiros do ônibus em Navegantes antes de incendiá-lo e três adolescentes de bicicleta jogaram um coquetel molotov no ônibus de Itapema, que estava vazio e estacionado no bairro Morretes. Ninguém foi preso.
Em Chapecó, no oeste catarinense, a casa de um sargento da PM foi atingida por três tiros, perto da meia-noite. A mulher e o filho de seis anos do militar estavam no local, mas ninguém ficou ferido. A PM realizou buscas nas redondezas, sem sucesso.
Segundo o delegado Akira Sato, que comanda a repressão à facção criminosa, os ataques podem ter sido motivados pela repressão policial ao narcotráfico e também por uma briga entre gangues rivais.
Para enfrentar a atual onda de violência, a Secretaria Estadual de Segurança recriou a "sala de situação" usada em 2012 e 2013, um centro de controle informatizado no QG da PM, em Florianópolis. Ali militares e policiais civis monitoram e comandam a resposta às ações dos criminosas.
O PGC também foi o responsável pelos outros episódios registrados em novembro de 2012 (58 ataques, 27 ônibus incendiados em 16 cidades) e fevereiro de 2013 (111 ataques em 36 cidades, com 45 ônibus queimados).
Das outras vezes, os ataques foram ordenados pelas lideranças do grupo de dentro dos presídios e conduzidos por seus comparsas nas ruas. Era uma tentativa de obter regalias para os chefe do tráfico de drogas que estavam nas cadeias.
A onda de violência acabou depois que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de Santa Catarina. Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes.
Em maio, 83 pessoas foram condenadas pelos ataques a penas que, somadas, chegam a mil anos.