Em 27 de agosto, um bonde tombou em Santa
Teresa, provocando a morte de seis pessoas
(Foto: Reprodução/TV Globo)
A recuperação dos bondes de Santa Teresa, no Centro do Rio, deve ficar pronta em cerca de um ano, informou nesta segunda-feira (19) a assessoria do Detro. O presidente do órgão, Rogério Onofre, que também é interventor do sistema de bondes, anunciou que 16 bondes serão reformados.
Os trilhos serão trocados em toda a via por um tipo mais seguro que os atuais, toda a via aérea e o cabeamento elétrico serão recuperados, uma nova subestação será construída e as estações, reformadas. O Ramal do Silvestre será reativado para a interligação com o bondinho do Corcovado, anunciou o Detro.
Também está no projeto a reforma da Oficina dos Bondes e a revitalização do museu que fica no local e a instalação de uma escola técnica para atualizar e formar mão de obra. No dia 27 de agosto, um bonde tombou na Rua Joaquim Murtinho causando a morte de seis pessoas. Mais de 50 ficaram feridas.
'Alma do bairro'
O governador entende que os bondes de Santa Teresa são a alma do bairro. Mas para que este transporte seja realmente seguro, deve ser feita ampla reforma em todo o sistema, o que não leva menos que um ano para ser concluído. Falar em tempo menor para que o bonde volte a circular é fazer promessa vã, disse Onofre.
Segundo o interventor, o governador determinou que seja feito um estudo para que os moradores de Santa Teresa tenham tratamento diferenciado dos turistas e visitantes em relação ao pagamento das passagens, e que haja comunicação constante com as associações de moradores.
R$ 31 milhões
Onofre anunciou ainda que o Detro vai financiar as obras de recuperação dos bondes de Santa Teresa com o repasse de R$ 31 milhões para a Central, empresa que administra o sistema.
A esculhambação é ainda maior do que a declarada por mim na primeira vez em que vi a Oficina dos Bondes e quando da visita que fiz a Santa Teresa. Nossa equipe não tem dado tréguas ao trabalho nem nos finais de semana e feriado. Já foi levantado que são necessários mais de R$ 31 milhões para que Santa Teresa disponha de um sistema de bondes realmente seguro. Esta quantia é uma primeira estimativa, que deverá ser reavaliada pela Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) e pela nova administração da Central, disse Onofre após receber os primeiros levantamentos feitos pela Comissão Interventora dos bondes.
Alguns pontos do relatório foram repassados para o governador Sérgio Cabral, disse Onofre:
Ele ficou indignado e desolado com o pouco que viu, pois esta realidade não lhe era passada e declarou que, para ele, a recuperação de todo o sistema é uma questão de honra.
Sem meia-sola
Segundo o interventor, Cabral determinou ao Detro que não repasse verba a qualquer outra secretaria ou autarquia do Estado que não seja ligada ao Sistema de Bondes de Santa Teresa.
Ele quer que se comece do zero para que a recuperação seja feita com alto grau de qualidade, sem remendos, gambiarras ou meia-sola, que é como funcionam hoje os bondes. O governador quer rapidez e prometi entregar a ele, num prazo máximo de 15 dias, o levantamento das necessidades de investimento totalmente concluído, disse.
Viagem a Lisboa
O engenheiro Eduardo Macedo, presidente da Central, segue nesta terça-feira (20) para Lisboa, em Portugal, com uma comissão indicada por Rogério Onofre, para conhecer o sistema português.
O país tem um sistema de bondes elétricos eficiente e conhecê-lo pode ajudar na recuperação do transporte em Santa Teresa, segundo Onofre, que explicou que a viagem foi determinada pelo governador Sérgio Cabral:
"O governador vem dando prioridade aos bondes de Santa Teresa, sem poupar esforços para que o sistema volte a funcionar com a qualidade e a segurança que a população deseja e merece. Nosso intuito é usar o know-how português para nos ajudar a ter um sistema eficiente" afirmou ele.
Onofre disse ainda que "os moradores do bairro podem ter certeza de que estamos cuidando do assunto com o mesmo amor e dedicação que eles têm pelo bonde".
Na sexta-feira (16), o governador Sérgio Cabral anunciou a cooperação técnica entre o Governo do Estado e a empresa Carris, de Lisboa, que administra o transporte de bondes no país. Álvaro Braga, diretor da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), considerou importante a ida da comissão a Lisboa.
Redução na passagem
No sábado (17), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que até terça-feira (20) deve definir uma redução na passagem dos ônibus que circulam por Santa Teresa, no Centro da cidade.
Ainda não está decidido o valor. Vai ser muito difícil chegar aos R$ 0,60 que o bonde cobrava, mas certamente vamos reduzir bem o valor de R$ 2,50, disse Paes, que comanda, neste sábado, a 3ª Reunião Geral do Secretariado de 2011, no Riocentro, na Zona Oeste.
O transporte em Santa Teresa está prejudicado desde que os bondes que atendiam o bairro pararam de circular, após o acidente no dia 27 de agosto.
O preço da passagem de ônibus vai ficar entre R$ 2,50 e R$ 0,60, até a volta do bonde. Isso vai ajudar à população de Santa Teresa, ressaltou o prefeito. Eu devo bater o martelo na noite de terça-feira, complementou.
Deputados querem CPI
Na quinta-feira (15), os deputados Paulo Ramos (PDT) e Gilberto Palmares (PT) pediram na Assembleia Legislativa (Alerj), no Centro, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as causas dos acidentes com os bondes de Santa Teresa e o plano de modernização do sistema.
A comissão, segundo proposta dos deputados, deve ser composta por sete deputados e ter prazo de duração de 90 dias. Mais de 20 deputados assinaram a petição.
O pedido, feito durante audiência pública com especialistas e moradores para debaterem os problemas do sistema de bondes de Santa Teresa, será analisado pela presidência da Casa.