Seca na represa da Cantareira revela 'cemitério' de carros no interior de São Paulo

Represa do Atibainha, em Nazaré Paulista, opera com 1,46% da capacidade. Segundo Polícia Civil, ao menos 20 veículos reapareceram com estiagem.

Fonte: Globo.comAtualizado: quarta-feira, 8 de outubro de 2014 às 14:46
Seca revela que margens da represa do Atibainha, que integra Sistema Cantareira, servia como desmanche de carros
Seca revela que margens da represa do Atibainha, que integra Sistema Cantareira, servia como desmanche de carros

A estiagem na represa do Atibainha em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, que tem feito moradores redescobrirem locais e monumentos que estiveram submersos por décadas, também revela um 'cemitério de carros' que estava sob a água. Com o nível da represa do Atibainha atingindo 1,46% de sua capacidade total nesta quarta-feira (8), ao menos 20 veículos reapareceram com o período atual de seca, segundo a Polícia Civil.

Somente em um trecho às margens da rodovia Dom Pedro I, três carros foram descobertos recentemente. O primeiro deles foi encontrado em agosto, quando a carcaça apareceu na represa. Depois de conseguir tirá-lo de lá, a Polícia Civil de Nazaré Paulista constatou que o carro era produto de um furto ocorrido em São José dos Campos no ano de 2002.

Pelo menos outros três carros podem ser vistos com o nível da água mais baixo. “A cada semana aparecem mais carros. Como há uma mureta na ponte que passa por cima do trecho, acreditamos que os criminosos tenham usado um caminhão para jogar os carros no local”, disse o delegado Luiz Carlos Ziliotti.

Segundo o delegado, os carros que estão surgindo na represa podem ser produtos de furto, de roubo ou de golpes em seguro. Em 2006, a Polícia Civil descobriu um cemitério de carros submersos a cerca de sete metros de profundidade em um trecho da represa.

“Conseguimos combater esta ação na época. Havia uma quadrilha instalada no local e por duas vezes surpreendemos eles. É um lugar bastante escondido, no meio da mata, então eles traziam carros da grande São Paulo, na maioria roubados”, disse o delegado.

A represa do Atibainha é uma das cinco represas que integram o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de atualmente 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, mas opera com 5,6% da capacidade.

Volume morto
Desde maio, a Companhia de Saneamento Básico de do Estado de São Paulo (Sabesp) faz a captação e utiliza uma reserva técnica, chamada de volume morto. Um boletim Agência Nacional de Águas (ANA) apontou que 81% da primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira já foram captados pelo órgão.

A ANA aguarda o envio da versão final do plano de demanda e de contingência do Cantareira feito Sabesp para avaliar o pedido. O prazo venceu na segunda-feira (6), mas a companhia informou que o projeto está em elaboração e que será entregue quando for finalizado. A data para apresentação também não foi divulgada. O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), responsável pelo envio oficial à ANA, não se manifestou sobre o assunto.

A Sabesp não divulgou data para o início da nova captação e informou que ela será feita apenas se for necessário. No entanto, as bombas já estão prontas para operação. A segunda cota do volume morto do Cantareira vai elevar em 10,7 pontos percentuais a capacidade das cinco represas, de acordo com a companhia de abastecimento.

O Sistema Cantareira tem cinco represas, a Jaguari-Jacareí é a maior. Através de um túnel, ela despeja água na represa Cachoeira, que por sua vez abastece o reservatório de Atibainha. De lá, a água segue para o reservatório Paiva Castro e depois é bombeada para Águas Claras, que fica no topo da Serra da Cantareira. Lá ela é tratada e distribuída para mais da metade da população da Grande São Paulo.

 



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