Arroz, feijão, café, leite e iogurte estarão entre os principais produtos consumidos pelos brasileiros daqui a 10 anos, segundo pesquisa nacional encomendada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) ao Ibope.
Lançada esta semana, a pesquisa Brasil Food Trends 2020 ouviu 1.500 pessoas nas nove principais capitais do País e serviu para apontar as tendências e demandas de mercado, bem como os fatos que afetarão o consumo de produtos industrializados.
Dentre as categorias onde a marca exercerá maior influência na hora da compra, prevaleceu o típico cardápio brasileiro: arroz (44%), feijão (36%), café (32%), leite (24%), iogurte (19%), bolachas e biscoitos (14%) e, por último, alimentos congelados ou semiprontos (13%).
Mas o que chama a atenção na pesquisa é o fato de que iogurtes, bolachas e biscoitos, e sucos prontos para beber vão liderar a preferência do consumidor, quando o assunto é produtos que mais despertarão o desejo ao serem lançados no mercado.
Ser mais barato deixará de ser fator decisivo na hora da compra, já que o consumidor do futuro estará disposto a pagar mais por produtos nos quais detectar maior qualidade e praticidade.
Fatores como crescimento populacional, elevação da renda e melhoria no nível educacional afetam o consumo e mudam hábitos alimentares, destaca Raul Amaral Rego, coordenador técnico da pesquisa.
Isto explica porque os alimentos congelados e os
semiprontos são apontados como forte aliados do consumidor, que cada vez mais confia na qualidade dos alimentos industrializados, chegando a afirmar que não viveriam sem eles.
Estamos falando daquelas pessoas que levam uma vida corrida, sem tempo para nada, e não imaginam a vida deles sem estes produtos, disse um dos coordenadores da pesquisa, Antônio Carlos Costa, da FIESP.
Mas e como ficará a questão das embalagens? A pesquisa aponta para a necessidade de um tratamento diferenciado, como forma de chamar a atenção do consumidor na hora da briga das gôndolas dos supermercados. Elas [as embalagens] terão que proporcionar experiências de fantasia e aventura, criando vínculos com questões ligadas ao sentimento, explica Raul Amaral Rego.
Dúvida cruel O que você responderia se te perguntassem qual alimento você escolheria: o mais gostoso ou o mais saudável? Pois bem, os entrevistados na pesquisa ficaram com a primeira opção.
Ser mais gostoso e estar ligado à questão da sensorialidade e prazer estarão entre as tendências do futuro. E, como cada vez mais as pessoas não têm tempo para nada, também valerá a regra da conveniência e praticidade para atender aqueles que vivem dizendo que, com a vida que levam, não têm tempo para cozinhar em casa.
No entanto, as indústrias terão que se adaptar a uma forte tendência, a do bem-estar. Isso porque serão priorizados os alimentos que tragam benefícios adicionais à saúde.
Isso explica os motivos pelos quais 69% dos consumidores dizem ler os rótulos das embalagens. E o que eles procuram? Basicamente informações sobre calorias (52%), gordura (39%), colesterol (29%) e açúcar (27%)
A marca continuará sendo fator importante na hora de escolher o produto, mas o consumidor do futuro também estará mais atento a questões de sustentabilidade e ética, dando preferência aos fabricantes que protegem o meio ambiente ou têm projetos sociais.
A pesquisa é um primeiro passo no início dos debates sobre as tendências que devem ser observadas pelo agronegócio brasileiro, o segundo maior exportador do mundo. Estamos falando de 22 mil empresas e indústrias do setor, que contribuem com cerca de 10% do PIB [Produto Interno Bruto] do País, além de empregar milhares de trabalhadores, afirma o secretário adjunto da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antônio Julio Junqueira de Queiroz.
De olho na internet E já que estamos falando de futuro, um novo meio desponta como principal ferramenta para obter informações sobre os alimentos e produtos. Com 19% da preferência, a internet será mais utilizada que amigos (16%), jornais (14%), familiares (14%) e revistas (12%), ficando atrás apenas da televisão (40%) e de médicos nutricionistas (20%).
A internet tem e terá um potencial muito especial neste segmento. Este canal de comunicação deverá ser muito importante em termos de futuro e merece ser observado com atenção pelas empresas, afirmou Raul Amaral Rego.