As dietas da moda estão cada vez mais em evidência e, frequentemente, figuram a lista dos conteúdos mais clicados e curtidos nas redes sociais, blogs e até mesmo em sites e portais de notícias. Diariamente, os chamados “influenciadores digitais” publicam estratégias para perda de peso ou ganho de massa muscular, com dicas para fugir dos carboidratos. Há, inclusive, aqueles que difundem novos e milagrosos ingredientes para queima da gordura.
Para os leigos que deixam-se levar por essas dicas, o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (CRN-3 SP/MS) faz um importante alerta: sua saúde pode estar ameaçada.
A preocupação não é sem razão. Um estudo da Universidade de Glasgow, do Reino Unido, apresentado no European Congress on Obesity, revelou que das publicações de nove blogueiros locais, oito não poderiam ser considerados fontes confiáveis de informações sobre o controle do peso.
No Brasil, a situação não é muito diferente. Basta uma rápida busca na internet para encontrar inúmeras publicações sobre os benefícios da “dieta low carb”, caracterizada pela baixa ingestão de carboidratos, além de outras estratégias tidas como fitness, como o consumo elevado de água com limão ou de bebidas desintoxicantes.
“Dicas como essas são um verdadeiro desserviço à saúde. Nenhuma bebida, isoladamente, faz emagrecer. Existem padrões alimentares e exercícios físicos que podem colaborar para isso”, alerta a nutricionista Fabiana Poltronieri, coordenadora da Comissão de ética do CRN-3 e doutora em Ciência dos Alimentos pela USP.
Fabiana também ressalta que “os sucos ricos em compostos antioxidantes podem ser úteis para a saúde humana se fizerem parte de uma dieta equilibrada nutricionalmente. Que sejam sucos desintoxicantes, não há respaldo na literatura científica vigente que justifique este acintoso apelo de marketing.”
Denúncias sobre exercício ilegal da profissão
Além de trazer riscos à saúde, a disseminação de conteúdos ligados às dietas, como a divulgação de planos alimentares detalhados, pode configurar exercício ilegal da profissão, já que a prescrição dietética é atividade privativa do nutricionista.
O crescimento do número de influenciadores amadores nesse segmento, inclusive, tem trazido mais denúncias sobre o exercício ilegal da profissão. No CRN-3, responsável por regulamentar a atividade de nutricionista nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, nos primeiros quatro meses deste ano, foram recebidas 67 denúncias desse tipo. O número já ultrapassa 50% do total de 123 denúncias recebidas pela entidade em 2018.
Para Selma de Britto Gonçalves, nutricionista do Setor de ética do CRN-3, “o mais importante é não aceitar toda e qualquer informação: cada pessoa tem a sua necessidade nutricional, que vai ser determinada pelo Nutricionista por meio da avaliação do estado nutricional. Somente então, o Nutricionista poderá orientar os horários adequados para as refeições e o plano alimentar individualizado”, conclui Selma.