Na última semana, a atriz Bruna Marquezine publicou no seu perfil no Instagram que no passado utilizou laxante na busca do emagrecimento, por conta da cobrança pelo “corpo perfeito”. O medicamento provoca contrações intestinais e estimula a eliminação de fezes.
Críticas às medidas dos corpos não são exclusividades das celebridades: famosos e anônimos são atacados constantemente por tais comentários. É no estimulante intestinal que muitos buscam uma forma inadequada de emagrecer rapidamente. O dado é confirmado por pesquisa publicada pelo periódico Pediatrics: aos 23 anos, mesma idade de Marquezine, aproximadamente 20% das mulheres já usaram laxante para emagrecer.
“Esse número é grave e lança luz a um perigoso problema de saúde pública. O uso excessivo e inadequado de laxantes prejudica a absorção intestinal e causa desequilíbrio na concentração de minerais. Assim, aumenta-se o risco de desnutrição, desidratação e distúrbio hidroeletrolítico”, alerta Tomazo Franzini, médico endoscopista e diretor da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED).
O especialista afirma que laxantes podem causar a perda de peso justamente por interferir na absorção de nutrientes. Ou seja, com o medicamento, o corpo elimina água e sais minerais nas fezes, que são em geral líquidas, e reduz a sensação de inchaço. “Além de o emagrecimento ser passageiro, o uso do laxante acarreta alto custo à saúde, já que pode levar à deficiência nutricional e inflamações no intestino”.
Importante reiterar que laxante não são formulados para uso contínuo – o intestino pode se “acostumar” com a eles, tornando-se dependente e causar constipação – retenção das fezes. “A administração crônica pode lesionar os nervos intestinais e viciar. Assim, para ter o efeito desejado, é necessário aumentar a dose do medicamento”, adiciona o médico da SOBED.
Excesso de laxante pode causar até câncer
Em julho deste ano, o jornal científico Annals of Epidemiology publicou estudo que relacionou o uso de laxante ao maior risco de câncer colorretal (CCR). Quando a substância é a base de fibras, nota-se aumento significativo nas chances de desenvolver a neoplasia.
“No Brasil, o CCR é o segundo tipo mais frequente em mulheres, responsável por quase 19 mil diagnósticos por ano (INCA). A partir da pesquisa divulgada no periódico e a ligação que faz com a doença, precisamos pensar a conscientização sobre o perigo do uso de laxantes para emagrecimento como uma das medidas para prevenção do câncer colorretal. Sobretudo ao considerar que o público feminino é o maior consumidor do medicamento para este fim”, reforça Franzini.
Setembro é o mês de prevenção do câncer colorretal, por isso, declarações como a de Marquezine salientam a necessidade de informar-se sobre a doença e condições que a predispõem.