Acredito que esta é uma pergunta que devemos refletir em algum momento de nossa vida, porém despidos de orgulho, vaidade, desejo de aprovação alheia.
Olhar-se no espelho de maneira inocente e simples, nos leva a um encontro com o nosso verdadeiro eu, e talvez é isso que nos assusta, pois uma viagem para dentro de nós mesmos em alguns momentos parece mais um passeio a um jardim de horrores do que um passeio a um lugar tranquilo.
Mas acredite, este “lugar de horrores” pode muitas vezes ser mais libertador do que imaginamos.
Ao olhar para uma pessoa que conheço a algum tempo, normalmente pergunto se está tudo bem, e prontamente esta pessoa responde que sim, vai tudo bem. Porém por conhecê-la a algum tempo identifico que algo não está bem, seja por um olhar caído, um semblante descaído, até mesmo pelo jeito de andar apressadamente querendo sair do ambiente com uma certa pressa. Então pergunto novamente se vai tudo bem, e em alguns momentos insisto em perguntar mais de uma vez, até que a pessoa sorri e diz: − Não! Não está tudo bem. A partir deste momento ela me deu a oportunidade de ajudá-la, e de alguma maneira consigo ser um ombro que se coloca debaixo de seu fardo pesado.
Sempre temos nossos discursos prontos para dizer que estamos bem, quando na verdade estamos precisando de ajuda; outras vezes, com medo de não sermos compreendidos, dizemos que somos fortes e que nunca pensamos em desistir, quando na verdade estamos com vontade de pegar o primeiro ônibus e sumir para um lugar bem distante de todos.
Me lembro de Elias em 1Reis 19, quando depois de vencer os profetas de Baal, romper com um sistema religioso poderosíssimo, ouve uma ameaça vinda da rainha Jezabel e fica com medo; talvez pelo esgotamento da vitória ele foge para o deserto pedindo para Deus a morte. Naquele momento a desistência de tudo parecia ser a melhor saída, porém o que vemos é Deus o animando, dando-lhe comida e lembrando-lhe da longa caminhada que ainda havia pela frente.
Muitas vezes diante de discursos triunfalistas ouvimos pessoas dizer que desistir não é uma opção, que desistir é para os fracos. E então por sermos confrontados por esses discursos ficamos com medo e nos fechamos. Entretanto, vamos sendo destruídos interiormente por situações que não resolvemos, e não as resolvemos por não termos força ou sabedoria para lidar, e assim o jardim de horrores vai sendo criado dentro de nós.
Gostaria de te fazer uma pergunta: por que uma pessoa pensa em desistir de seu casamento? Entendo que haja diversas justificativas para tal decisão, mas talvez o resumo seja: estou cheio de tantas decepções, frustrações, traições, que não vejo outra solução senão abrir mão de tudo e desistir.
Por que uma pessoa pensa em desistir de seu ministério? Talvez pelos mesmos motivos acima citados. Então desistir é uma opção? Sim. Mas não a mais sensata. Desistir é dizer que eu sei que está tudo errado, que não estou disposto a lutar pelo que está errado, que não darei a chance de ninguém me ajudar, e que assumo as consequências desta minha escolha.
Lembra que eu disse acima; que um passeio ao “Jardim de Horrores” pode ser libertador? Então é isso! Foi o que Jesus disse a igreja de Éfeso em Apocalipse 2:4,5a - Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras.
O que Jesus está dizendo é, volte ao primeiro amor, volte ao lugar que seus olhos brilhavam, onde desistir não era opção; volte para dentro de si, deixe que este lugar de horrores volte a ser um lugar de paz e alegria; arrependa-se (metanoia; mudança na maneira de pensar) passe a pensar de maneira diferente, e então praticar as primeiras obras será mais leve.
Uso das palavras do Senhor em Deuteronômio 30.15-20 quando Ele diz que coloca a vida e a morte, o bem e o mal diante de nós, mas a escolha é nossa, porém seremos reféns de nossas escolhas.
Diante das frustrações e adversidades desistir pode parecer uma opção, mas nunca será a melhor, acredite nisso. Busque conselhos, ajuda, orientação, como está em Tiago 5:16 - Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
Não desista! Lute! Você é mais que vencedor.
Alexandre Grego é Pastor, Bacharel em Teologia, Life Coaching, e escritor dos livros “Somos Flechas”, “E Urias?” e “Não existe família perfeita, existe família feliz”. Também é conferencista nas áreas de liderança e casais. Exerce sua atividade pastoral no Ministério Apostólico Koinonia, na cidade de Mogi das Cruzes/SP, é casado com a Pra. Marines Grego.
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