A renovação da mente, conforme ensinada nas Escrituras, não se limita a adquirir novos entendimentos ou corrigir pensamentos equivocados; ela inclui, de forma essencial, a redenção das emoções. Sem esse processo, o discipulado corre o risco de formar pessoas bem-informadas, mas não verdadeiramente transformadas.
O discipulado que se restringe à transmissão de conceitos teológicos e argumentos convincentes pode equipar para debates, mas não necessariamente para a vivência do Evangelho.
É comum que cristãos saibam, cognitivamente, o que é certo e errado. Por exemplo, é de fácil assimilação racional que fofocar é errado e não aceitável como conduta cristã. As Escrituras condenam a maledicência e exortam à edificação mútua. No entanto, se a emoção da inveja não for redimida, ao se deparar com alguém que desperta esse sentimento — seja por sucesso, beleza, influência, reconhecimento ou alguma antipatia — o coração pode ser levado a expressar essa dor por meio de falas maldosas e difamatórias. Nesse caso, o conhecimento bíblico não foi suficiente para conter o impulso emocional não tratado.
Na redenção das emoções, a vivência humana pode experimentar alguns aspectos da deslumbrante beleza de Jesus Cristo. "A minha graça te basta" anuncia a única possibilidade de satisfazer o nosso desejo. A rendição de toda a imaginação!
Quando a inveja é redimida, ela dá lugar à celebração do outro. Quando o medo é redimido, ele se transforma em confiança. Quando a rejeição é redimida, ela abre caminho para o amor.
A experiência cristã plena acontece quando o coração é tocado, não apenas o cérebro é instruído. O discipulado que considera a redenção das emoções como parte essencial da renovação da mente é aquele que conduz à uma maturidade espiritual que se revela na maturidade inter-relacional.
Assim, o discipulado deixa de ser apenas um processo de ensino e passa a ser um caminho de transformação. Um caminho para formar não apenas discípulos bem-informados, mas corações redimidos que refletem a glória de Jesus em cada gesto, palavra e relacionamento.
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Texto de Carlos José Hernández (médico psiquiatra, doutor em medicina) e Clarice Ebert (psicóloga - CRP08/14038, terapeuta familiar e de casal, mestre em teologia).
Clarice Ebert (@clariceebert) é psicóloga (CRP0814038), Terapeuta Familiar, Mestre em Teologia, Professora, Palestrante, Escritora. Sócia do Instituto Phileo de Psicologia, onde atua como profissional da psicologia em atendimentos presenciais e online (individual, de casal e de família). Membro e docente de EIRENE do Brasil.
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