As Escrituras nos ensinam que Deus fez o ser humano perfeito. No Jardim do Éden, o primeiro casal aceitou a sugestão da serpente (que foi um instrumento de Satanás) para desobedecer a Deus (Gênesis 3). Essa atitude afetou toda a humanidade (Romanos 5:18). O pecado original que afetou a humanidade gerando a morte espiritual, que chamamos de depravação total. Essa doutrina, os luteranos, calvinistas e arminianos estão de pleno acordo. Mas se o ser humano sem Deus está morto (espiritualmente falando), como pode se salvar? A graça de Deus toma iniciativa no plano da salvação.
A salvação é pela graça (Efésios 2:8), não é mérito de obras humanas. Mas como o arminianismo responde essa questão? Armínio afirma que “atribuo à graça o início, a continuidade e a consumação [...] sem a sua influência, um homem, mesmo regenerado, não pode conceder, nem fazer bem algum, [...] sem essa graça emocionante e preveniente (ARMÍNIO, 2015, p.232). A graça de Deus toma iniciativa, capacita o ser humano a corresponder a graça de Deus, chamamos de graça preveniente que significa “a graça que toma iniciativa”. Diferente do semipelagianismo que ensina que o ser humano tem capacidade em si para tomar iniciativa, o arminianismo defende que só a graça é que opera na vida da pessoa.
Quem pensa que o livre-arbítrio é o cerne do arminianismo é um engano. A Teologia Arminiana ensina que a graça de Deus toma iniciativa, capacita o ser humano a aceitar o sacrifício de Cristo Jesus ou rejeitar. A pessoa é convencida pelo pecado mediante a ação do Espírito Santo (João 16:8-11). A pessoa está em trevas, só Jesus Cristo que é a verdadeira luz que pode iluminar a todos (João 1:4-5). A pessoa está morta no pecado, só Jesus Cristo mediante a Sua graça, é que pode ressuscitar (Efésios 2:8). A pessoa está presa no pecado, só pode ser liberta pela operação da graça de Deus. Por essa razão, chamamos de “livre-arbítrio libertário.” O ser humano só pode sair do estado de condenação eterna para salvação em Cristo Jesus só pela graça de Deus. O arminianismo nunca ignorou o ensino da manifestação da graça de Deus. O Dr. Ivan de Oliveira afirma que “não há de se pensar em movimento da vontade humana, por meio do livre-arbítrio, sem a contínua e incessante manifestação da graça divina” (OLIVEIRA, 2017, p.97).
Em nosso meio evangélico, a crença popular do “livre-arbítrio” (escolher a salvação como se troca uma camisa), ainda é muito forte. Infelizmente, o semipelagianismo prevalece muito aspectos nas pregações e ensino, na valorização exacerbada antropológica. Sem contar os coaches com a antropologia pelagiana e rebaixando a divindade do Senhor Jesus Cristo. Isso é um sinal de que precisamos urgentemente pregar a graça de Deus, que opera no ser decaído e continua a operar na vida de um salvo. Sem a graça de Deus, somos nada. Com a graça de Deus, somos filhos de Deus porque a Sua graça está em nossas vidas!
Referências Bibliográficas:
ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio - Volume 1. Rio de Janeiro. CPAD. 2015.
OLIVEIRA, Ivan de. Livre-Arbítrio Libertário. São Paulo. Editora Reflexão. 2017.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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