Se não reparou, é bom reparar. As notícias pioram a cada semana, em gravidade, intensidade e volume. Cada vez mais famílias contam seus amados sofrendo uma doença, um desemprego, um vírus, um isolamento, uma UTI, um tubo, uma falência profissional, um desmoronamento no casamento, um terremoto na família.
Mais que reparar, é bom se sensibilizar, sentir empatia, porque a dor que esta ali, na esquina da frente, pode muito bem e a qualquer momento se aproximar perigosamente do seu quintal. E quando isso acontecer, se acontecer, como será sua reação? Correrá pra onde ou pra quem? As professoras e as crianças da Escola Infantil Aquarela, em Saudades-SC, não tiveram pra onde correr. O caos chegou e... game over.
Gente desiludida e desistindo da fé tem aos montes. Impactadas e paralisadas por tantos eventos catastróficos, simplesmente se colocam em fuga, não querem assumir responsabilidades, não querem se solidarizar com ninguém, não querem encarar a realidade das ruas, não querem sofrer o que todos estão sofrendo.
É hora de ir pro sacrifício. Não, não estou falando do sacrifício que Cristo já fez. Aquele, só ele poderia fazer, ninguém mais. O calvário, histórica e escatologicamente, foi absoluto, eficaz e definitivo, missão cumprida, vitória assegurada e, agora, vivemos a expectativa quanto ao dia que Maranata se cumprirá. Enfim, é sobre outro tipo de sacrifício que falo, um bom sacrifício.
Qual, exatamente? Aquele registrado aos Hebreus 13:16, “Não deixem de fazer o bem e de ajudar uns aos outros, pois são esses os sacrifícios que agradam a Deus”. A palavra “sacrifício” carrega pesos e significados que nós em nossas imperfeições e limitações não temos a menor chance de dar conta. Por isso mesmo gosto da forma como o autor aos Hebreus aplicou o termo sacrifício.
Faça o bem, aconselha o texto. Como? Ajudando ao outro. Simples, prático e direto. Atrapalhando, caluniando, trapaceando, traindo, ignorando, desprezando, humilhando, diminuindo, fofocando, amaldiçoando e destruindo o outro, você não faz o bem. O bem, afirma o texto, se faz de uma forma, a-ju-dan-do-!
O texto vai mais longe, “ajudando uns aos outros”, a ideia é que quando ajudo, sou ajudado, existe eco no amor que de fato ama, a medida que amo porções de amor retornam a mim. “Uns aos outros” também indica comunhão, troca, partilha, mesa, afeto, cumplicidade, tolerância, compreensão, perdão, enfim, de fato e de verdade, ajuda.
Estas coisas tão simples e tão singulares, o texto chama de “sacrifícios que agradam a Deus”. Ótimo que seja assim. Ainda que ninguém veja ou saiba o bem que você faz através da ajuda que presta, Deus está vendo, está se agradando, e melhor que tudo, está recebendo como um sacrifício agradável feito à Ele.
O número de necessitados aumenta a cada dia, é hora de ir pro sacrifício de Hebreus 13:16. Muitos estão precisando que façamos o bem, que ajudemos e, ao fazermos e ajudarmos, estaremos fazendo para o próprio Senhor. A igreja viva de Cristo, o Seu corpo aqui na terra, não se move pela mídia, por celebridades, por formadores de opinião, por influenciadores. A igreja se move pelo amor que vem do Pai.
O amor que levou Cristo para o sacrifício, e que nos leva a amar em sacrifício representado no bem que ajuda. Com pouco ou com muito, não importa, cada um dentro da sua possibilidade ajuda como pode. O pequeno gesto de cada um somado a milhares de outros pequenos gestos glorificam o nome do Senhor em toda a terra.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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