E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo... (Mateus 24:12-14 ARA)
Estava conversando com um amigo, e ele sorridente me informou que estava utilizando um novo aplicativo de leitura da Bíblia, que a versão era contextualizada aos dias de hoje, e isso e aquilo. Pedi para escutar um pouco e fiquei chocado, a versão do aplicativo, seguia pautas progressistas e seculares, mudando o contexto dos versículos do original para se adequar às demandas daqueles que não creem na Bíblia. Alertei ao meu amigo que ficou chocado ao perceber. Ele disse que mesmo tendo muito tempo de convertido, não tinha percebido a sutileza da mudança contextual dos versículos.
A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10:17). Para que haja mais fé no mundo, a Palavra de Deus tem que estar no coração e nas atitudes das pessoas. Portanto, corromper a Palavra com versões contextualizadas a ideologias, radicalismos, militâncias progressistas ou não, é uma das formas que o diabo tem utilizado para inserir nos jovens e indoutos, distorções da Bíblia.
É comum escutar: Temos que fazer uma nova releitura da Bíblia. Temos que contextualizar a Bíblia para as demandas sociais e progressistas de hoje. A Bíblia tem que ser inclusiva, aceitando os hábitos sociais da pós-modernidade. A Bíblia é para servir o povo e não o povo se adequar à Bíblia, e assim por diante.
A Bíblia é a Palavra de Deus! A Bíblia não se contradiz. A Bíblia é nossa bússola para Deus.
Já é sabido que muitas pessoas não leem a Bíblia diariamente. Também é do conhecimento que muitos preferem aplicativos de leitura da Bíblia, independentemente da versão, para que seja lido pela Inteligência Artificial ou algum aplicativo de leitura. Entretanto, poucos sabem que, já é comprovado, que há aplicativos que possuem versões heréticas da Bíblia, não seguem as traduções originais (e suas versões). Há algumas ferramentas de Inteligência Artificial que estão programadas para distorcer a Bíblia do seu original, não é uma questão de versão, mas de mudança proposital, intencional do contexto bíblico.
Os críticos da inteligência artificial alertam para a possibilidade de um algoritmo assumir a “decisão” do que é melhor para a humanidade daquilo que não é. Interpretando, por exemplo, a Bíblia conforme a contextualização dos dias atuais. Causando ruptura do original Bíblico e causando prejuízos a espiritualidade de milhares de pessoas.
A heresia digital é uma das mais sorrateiras armas do diabo para conduzir pessoas à apostasia. Distorcer o contexto Bíblico, o santo pelo profano, o bíblico pelo mundano, o espiritual para o carnal, tem sido o trabalho do diabo e seus discípulos para gerar apostasia.
A inteligência Artificial, como toda tecnologia, não são os vilões, mas sim, os que estão por trás, manipulados, induzidos a codificar, conforme as regras, os parâmetros, as lógicas daqueles que não querem Deus, que não querem a família judaico-cristã, que são contras a toda forma de temor do Senhor, e que preferem um mundo caótico, a um mundo em paz com Deus.
À medida que a inteligência artificial avança, surge uma preocupação legítima sobre seu papel na interpretação da Bíblia. O perigo reside na possibilidade de interpretações distorcidas ou viés incorporado nos algoritmos utilizados para analisar textos sagrados. A complexidade e riqueza das escrituras podem ser mal compreendidas por sistemas de IA, resultando em interpretações superficiais ou potencialmente equivocadas. A cautela se faz necessária para garantir que a integridade e profundidade espiritual das escrituras não sejam comprometidas ao serem submetidas a análises automatizadas.
Para se defender do perigo potencial associado à interpretação da Bíblia por meio da inteligência artificial:
1. Sempre busque conselhos de, no mínimo, três pessoas que querem o seu bem, temem a Deus, e são aptas nessa área do conhecimento. Ninguém é competente em todas as áreas: alguns são bons em finanças, outros em educação de filhos, outros em relação conjugal, outros em tradução de Bíblia etc.
2. Recorra às traduções da Bíblia que já foram validadas por pessoas, estudiosos e teólogos tementes a Deus. Como, por exemplo, NAA (Nova Almeida Atualizada), ARA (Almeida Revista Atualizada), NVI (Nova Versão Internacional), NTLH (Nova Tradução da Linguagem de Hoje) etc. Bíblia oriundas de editoras idôneas, como a Sociedade Bíblica do Brasil, Editora Vida, CPAD, Mundo Cristão e tantas outras.
3. Orientação Humana: Mantenha uma abordagem humana no processo de interpretação. Use a inteligência artificial como uma ferramenta, mas sempre com orientação e discernimento humano. Valorize a contribuição de estudiosos, teólogos e líderes religiosos.
4. Revisão Constante: Estabeleça processos regulares de revisão. Avalie periodicamente como a inteligência artificial está interpretando os textos bíblicos e ajuste os algoritmos conforme necessário para evitar distorções ou interpretações incorretas.
5. Transparência nos Algoritmos: Exija transparência nos algoritmos utilizados para a interpretação. Compreender como a IA chega a determinadas conclusões permite correções mais eficazes e mantém a responsabilidade no processo.
6. Capacitação Teológica: Estude em faculdades e seminários idôneos, que respeitam e usam a Bíblia na sua originalidade. Isso pode incluir conhecimento específico sobre hermenêutica, exegese e tradições teológicas. Lembre-se que a teologia é a tentativa de interpretação humana do espiritual, não é a Bíblia.
7. Envolvimento Comunitário: Inclua a comunidade religiosa no processo. Busque feedback e envolvimento da comunidade para garantir que as interpretações geradas pela IA estejam alinhadas com a compreensão espiritual coletiva.
8. Discipulado – Busque pessoas mais maduras espiritualmente, para lhe orientarem a respeito da Bíblia. Lembre-se o discipulador não é o guardião do conhecimento, pode errar, por isso é sempre importante seguir o que a Bíblia diz: Na multidão de conselhos (ou de conselheiros), há sabedoria (Provérbios 11:14).
Ao adotar essas práticas, é possível minimizar os riscos potenciais da inteligência artificial na leitura da Bíblia, e até de falsos discipuladores, falsos mestres e falsos líderes religiosos, facilitando uma abordagem equilibrada e responsável para a interpretação dos textos sagrados.
Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia, com mestrado em Ciência da Computação e doutorado em Teologia. (@FernandoMoreiras). É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Executivo numa multinacional de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de 8 livros.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Guerra e rumores de guerra