“Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).
O texto em epígrafe foi pronunciado por Jesus entre sua ressurreição e sua ascensão. Jesus subiria para o céu e derramaria o seu Espírito sobre a igreja. A igreja não deveria sair para cumprir a grande comissão sem antes ser capacitada com poder. Três verdades sublimes são destacadas por Jesus aqui:
Em primeiro lugar, a origem do poder (At 1.8). “Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo…”. O poder prometido por Jesus não é uma energia, mas uma pessoa. A igreja não precisa de algo, precisa de alguém. O poder que reveste a igreja não vem da terra, emana do céu. Não é um poder humano, mas divino. Não procede daquilo que o homem faz, mas é resultado daquilo que o Filho de Deus glorificado fez. Porque Jesus sobe, o Espírito Santo desce. Porque Jesus concluiu sua obra, o Espírito Santo começou sua dispensação. O Espírito Santo não veio para ficar esporadicamente com a igreja, mas para sempre. Ele não veio para estar ao lado da igreja, mas na igreja. A igreja é a morada do Espírito Santo. Cada crente, de per si, é o templo do Espírito Santo. Sem o poder do Espírito Santo a igreja não prega com poder, não vive com ousadia, não testemunha com autoridade nem colhe frutos abundantes. Resta claro que não basta apenas os crentes terem o Espírito Santo, é necessário o Espírito os ter. Não é suficiente ter o Espírito Santo presente, é preciso tê-lo presidente. Não basta ouvir falar do Espírito Santo, é preciso ser revestido com o poder do Espírito Santo.
Em segundo lugar, o propósito do poder (At 1.8). “… e sereis minhas testemunhas…”. A igreja precisa de poder, mas poder para que? Primeiro, para sair do campo da especulação teológica para o campo da ação missionária. Os discípulos estavam preocupados com tempos ou épocas (At 1.6,7), mas Jesus muda o foco deles para a necessidade de poder para testemunhar. Segundo, poder para perdoar. Havia uma barreira antiga e intransponível de inimizade entre judeus e samaritanos, mas a agenda da igreja deveria passar por Samaria, quebrando os muros da inimizade. Onde o Espírito Santo age, convertendo corações a Cristo, inimizades são desfeitas. Terceiro, poder para morrer. A palavra “testemunhas” significa literalmente, “mártires”. A igreja precisa de poder para morrer para si mesma, para o mundo, para o pecado e pelo evangelho. Sem poder a igreja produz covardes que recuam diante do sofrimento, mas no poder do Espírito Santo, a igreja aduba a sementeira do evangelho com o sangue dos mártires. Quarto, poder para pregar até aos confins da terra. Sem o poder do Espírito Santo a igreja ficará presa entre quatro paredes; ora com medo dos que estão lá fora, ora desfrutando do conforto de seu próprio comodismo.
Em terceiro lugar, a extensão do poder (At 1.8). “… tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”. Somente pelo poder do Espírito Santo a igreja sairá do comodismo para ir além de suas próprios fronteiras, rompendo barreiras geográficas, culturais, raciais e linguísticas. Sem o poder do Espírito Santo não haverá investimento nem esforço missionário. Sem o poder do Espírito Santo a igreja cuidará de si mesma em vez de ir aos confins da terra levando a esperança do evangelho. Sem o poder do Espírito Santo a igreja criará uma agenda para si mesma, para apascentar a si mesma, para discutir os seus próprios assuntos e negligenciará a grande comissão. Oh, que Deus desperte sua igreja para buscar esse poder até que ele venha!
Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
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