Quando tudo de ruim é culpa da mãe: O adulto que se recusa a crescer

Não é a mãe que mantém o adulto aprisionado, mas sua própria escolha de permanecer numa cela chamada “culpa alheia”.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: segunda-feira, 29 de setembro de 2025 às 17:53
(Imagem ilustrativa gerada por IA)
(Imagem ilustrativa gerada por IA)

Vivemos em uma época em que muitos adultos se escondem atrás da infância como desculpa para a falta de responsabilidade. É claro que a família de origem deixa marcas — a psicologia não nega isso. O apego, como explica John Bowlby, forma a base da segurança emocional. Experiências negativas na infância podem deixar cicatrizes. Mas há uma linha clara entre reconhecer feridas e usar essas feridas como muleta eterna para não crescer.

O problema é que muitos se agarram ao discurso do “minha mãe errou comigo” porque isso gera ganho secundário: justifica fracassos, mascara escolhas ruins e mantém a pessoa no papel de vítima, onde a cobrança da responsabilidade própria desaparece.

A ciência já mostrou que o cérebro humano possui neuroplasticidade — ou seja, capacidade de se reorganizar, criar novos caminhos e transformar padrões. Isso significa que ninguém está condenado a ser refém do passado. A maturidade está em decidir assumir o controle.

A Bíblia, muito antes da ciência, já ensinava isso:

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, raciocinava como menino; quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino” (1 Coríntios 13:11).

“Cada um é responsável por sua própria conduta” (Gálatas 6:5).

Ou seja: crescer é parar de apontar o dedo para a mãe e assumir que a vida adulta exige escolhas próprias.

É cômodo culpar os pais — especialmente a mãe — por tudo que não deu certo. Mas isso é injusto e imaturo. Pais são humanos, falhos, limitados. Alguns erraram por ignorância, outros por falta de estrutura emocional, mas a vida adulta traz um chamado: perdoar, ressignificar e caminhar com responsabilidade.

A psicologia contemporânea, inclusive a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), mostra que não importa apenas o que aconteceu, mas como a pessoa decide interpretar e reagir ao que aconteceu. O passado explica, mas não determina.

Por isso, quando um adulto insiste em viver como vítima, culpando a mãe, na verdade está revelando sua recusa em amadurecer. Crescer dói, mas é libertador.

Em última análise, não é a mãe que mantém o adulto aprisionado, mas sua própria escolha de permanecer numa cela chamada “culpa alheia”. E essa cela só se abre quando ele decide assumir o protagonismo da própria história.

 

Marisa Lobo (CRP 08/07512) é psicóloga, missionária, ativista pelos direitos da infância e da família e autora de livros sobre saúde mental, educação de filhos e autoestima infantil, entre eles "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo". Especialista em Direitos Humanos, preside o movimento Pró-Mulher.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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