Há uma dor silenciosa que não grita, mas consome por dentro. É o tipo de sofrimento que muitos chamam de “amor”, mas que, na verdade, é a mais cruel forma de autotraição. É quando o coração aprende a se calar para manter alguém por perto. Quando a alma vai se encolhendo em nome de um vínculo. Quando a identidade se dissolve aos poucos, na esperança de não ser abandonada.
É sobre isso que vamos falar: sobre amar... sem perder a si mesmo.
Amor Sacrificial ou Amor Adoecido?
O amor cristão é, sim, sacrificial. Jesus é nosso maior exemplo. Ele se entregou por nós (Efésios 5:2). Mas o amor adoecido não é doação — é anulação. E há uma grande diferença entre se entregar por amor e se esvaziar por medo.
No consultório, ouvimos frases como:
“Eu faço tudo por ele, mas me sinto invisível.”
“Ela não me escuta, e eu não sei mais quem sou.”
“Eu morri por dentro, mas continuo nesse relacionamento porque não quero ver minha família se desmanchar.”
Esse tipo de amor adoece porque não nasce da liberdade, mas da necessidade. É o amor que espera aprovação, que negocia sua verdade para manter um laço, que se cala diante da injustiça para não parecer ingrato. Mas isso não é amor; isso é desespero disfarçado.
“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, o amor está ausente.”— Carl Gustav Jung
O Grito da Sombra: Quando a Alma se Silencia Demais
Jung nos ensinou que tudo aquilo que reprimimos se transforma em sombra. Quando negamos quem somos para agradar, esse "eu" sufocado se transforma em ressentimento, raiva e sintomas físicos. Em nome de manter a paz externa, criamos uma guerra interna.
“Tudo que não enfrentamos no consciente reaparece na vida como destino.” — Jung
O amor saudável respeita o espaço do outro, mas também protege o próprio território interno. Quem ama não exige anulação, mas promove o florescer da individualidade. Relacionamentos que exigem submissão total, abandono de valores, silêncio emocional e autonegação não são relacionamentos — são prisões afetivas.
Guarde o Coração, Guarde a Identidade
A Bíblia nos orienta com clareza:
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4:23)
Guardar o coração não é se isolar, mas proteger sua essência — seus valores, sua verdade, sua dignidade. Amar alguém não deve custar o abandono de si mesmo. Jesus nos ensinou a amar o próximo como a nós mesmos, o que pressupõe que devemos amar a nós mesmos primeiro.
Quem não se conhece, se entrega por qualquer afeto. Quem não se valoriza, aceita migalhas. E quem não se guarda, se perde — mesmo ao lado de alguém.
Mical – A Mulher que se Anulou por um Amor Tóxico
Pouco se fala dela, mas a história de Mical, filha de Saul e esposa de Davi, é um exemplo vívido do amor que se torna prisão.
Mical amava Davi — a Bíblia afirma isso (1 Samuel 18:20). Mas seu amor foi tão unilateral e sem retorno que a levou a trair a si mesma. Ela o ajudou a fugir do pai, foi usada como moeda política, casou-se com outro homem e depois foi tomada de volta à força por Davi — que a desprezou.
Em um episódio simbólico (2 Samuel 6:16), Mical observa Davi dançando com liberdade diante do Senhor. Em vez de se alegrar, ela o repreende. Seu coração estava endurecido, amargo. Mical havia perdido tudo tentando manter um amor que nunca foi recíproco.
E o final da história é trágico: “E Mical, filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte.” (2 Samuel 6:23)
Uma metáfora de esterilidade emocional, relacional e espiritual.
Quantas mulheres (e homens) vivem assim hoje — estéreis emocionalmente porque esvaziaram a alma tentando manter alguém que nunca os escolheu por inteiro?
O caminho da Individuação: O Amor que Não Exige Perda de Identidade
Na Teopsicoterapia, compreendemos que todo ser humano precisa passar pela caminho da individuação — um processo junguiano onde o indivíduo integra sua sombra, reconhece seu valor e se posiciona no mundo com verdade.
“Aquele que olha para fora sonha. Aquele que olha para dentro desperta.” — Jung
Essa jornada não exclui o amor, mas o purifica. Pois o amor verdadeiro nasce da maturidade, e não da carência. Amar o outro com plenitude só é possível quando estamos em paz com quem somos.
Teopsicoterapia: O Caminho de Voltar para Si Mesmo
Na prática clínica, ajudamos pessoas que amaram demais, mas perderam o rumo de si mesmas. Gente que deu tanto, que não sabe mais o que é viver sem o outro. Mas há esperança.
A Teopsicoterapia é o caminho onde
- Você aprende a reconhecer sua identidade como filho(a) de Deus
- Cura feridas emocionais que fazem você se anular para agradar
- Aprende a colocar limites sem culpa
- E entende que o amor de Deus não exige sua perda, mas sua plenitude
“Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor: pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jeremias 29:11)
Conclusão: Amar com Verdade, Não com Desaparecimento
Se você está num relacionamento onde precisa desaparecer para manter o outro por perto, talvez não esteja amando — esteja sobrevivendo.
E o amor verdadeiro não nos foi dado para nos sufocar, mas para nos fazer crescer, florescer e refletir a imagem do Deus que é amor.
“Ninguém pode se sentir realizado em um relacionamento se, para isso, precisa amputar partes de sua alma.”— Valcelí Leite
Se esse texto te tocou, talvez seja hora de olhar para dentro com coragem.
Você não precisa continuar se anulando para ser aceito.
Você pode aprender a amar sem se perder.
Você pode — e merece — ser inteiro dentro do amor.
Para começar essa jornada, fale comigo.
Na @Theoperapia, há um lugar seguro para você voltar a ser quem é.
Clique no meu contato e agende sua primeira sessão. Vamos juntos lutar por cultivar o seu casamento.
Receba gratuitamente o E-book: 5 sinais que seu casamento pode estar acabando:
https://www.teoterapia.com.br/e-book-gratuito-5sinais
Desejo a você e sua família uma semana na Graça.
Valcelí Leite (@ValceliLeite) é Psicanalista, Teoterapeuta (Terapia Cristã) e Pastor, atual presidente da ABRATHEO (Associação Brasileira de Teopsicoterapia), com formação em Fisioterapia e pós-graduações em Terapia Familiar Sistêmica, Cognitive Behavioral Therapy - TCC, e MBA em Teoterapia e Competência Emocional. Atua como teopsicoterapeuta com orientação a casais e famílias. Palestrante sobre temas como Educação de Filhos, Internet e Vida Conjugal, Ciência do Bem-estar e Como Evitar a Ansiedade. Ex-superintendente em instituição filantrópica, com gestão em treinamento de liderança, formação de equipes e palestras motivacionais em quatro estados brasileiros e mais de 30 cidades.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Quando o silêncio é pecado e o confronto é amor