Documentos judiciais e atas de reunião indicam que o governo norueguês manifestou certa preocupação com a fé de uma família romena Pentecostal antes de retirar o direito dos pais à guarda de seus cinco filhos, em novembro (2015). Essas informações foram confirmadas na última segunda-feira (22), por um advogado que tem acompanhado o caso de perto.
Após os cinco filhos de Ruth e Marius Bodnariu terem sido levados de sua casa em Naustdal pela Barnevernet (Conselho Tutelar) no 16 de novembro, devido a alegações de que as crianças estariam sofrendo agressões físicas, Peter Costea, o presidente da Aliança para as Famílias da Romênia, tem mantido contato com a família e seus advogados, com acesso também a registos judiciais da família.
Costea, que tem um escritório em Houston (Texas / EUA) registrou sua quarta análise escrita sobre a situação da família Bodnariu na segunda-feira.
Embora Costea tenha dito anteriormente ao 'Christian Post' que ele não acreditava na alegação de que a família tenha sido alvo da Barnevernet por causa de sua fé cristã, escreveu um novo comunicado na última segunda-feira, dizendo que os registros do governo recém-obtidos indicam que, mesmo antes de as crianças terem sido separadas de seus pais, as autoridades da Noruega estavam preocupados com o fato de a família ter "sua própria fé e forma de educação das crianças quando se trata de religião".
"Os documentos e atas de reuniões surgiram desde que as crianças foram levadas, mostrando que tão desde 13 de outubro de 2015, mais de um mês antes de as crianças foram levadas sob custódia, os funcionários do município de Naustdal reprovavam o estilo parental dos pais Bodnariu, acreditando, depois de questionar as crianças, que tal educação seria baseada na Bíblia", Costea escreveu.
"Eles claramente afirmam que a Barnevernet 'está preocupada que esta é uma forma de educação que se justifica pela Bíblia'. As autoridades justificaram a remoção das crianças, baseados na 'atitude' dos pais, que têm própria fé e forma de educação quando se trata de religião", continuou.
"Os documentos também mencionam que as crianças foram 'educadas para respeitar os 'valores' de Deus e de seus pais. A Barnevernet interpretou isso como um 'possível conflito entre a incapacidade assumida das crianças' para viver de acordo com as expectativas de valor e fé e que a religião dos pais poderia criar um 'conflito interno' nas crianças e um ambiente familiar estressante", Costea continuou. "A Barnevernet parece dizer que 'a religião é ruim para as crianças', mas a religião não é a justificativa legal para separá-las de seus pais".
Costea disse anteriormente ao Christian Post que outros documentos do tribunal explicavam que as crianças foram tiradas de seus pais depois que elas disseram aos investigadores que seus pais 'lhes davam palmadas' - tática disciplinar que é proibida na Noruega.
"Em nossa opinião, a reação das autoridades norueguesas tem sido extremamente subjetiva, uma exibição incrível de extremismo totalitário. A família Bodnariu foi acusada de espancar seus filhos. No entanto, as autoridades traduziram esta acusação como abuso infantil, o que está ainda mais distante do verdade", Costea escreveu em uma carta enviada ao embaixador da Romênia na Noruega. "Pais biológicos têm o direito inerente a disciplinar razoavelmente seus filhos. O fato de que a Noruega proibiu a punição corporal em crianças não significa que o país tem razão nesta matéria e o resto do mundo está errado".
Em sua postagem na segunda-feira, Costea argumentou que foi o compromisso da família com "valores cristãos" que "chamou a atenção dos funcionários da Barnevernet e deu destaque em suas discussões e estratégia antes da remoção das crianças".
"Então, a afirmação de que a Barnevernet foi motivada por um animosidade religiosa quando retirou as crianças de sua casa, em Bodnariu é apoiada pela evidência", Costea afirmou. "A Bíblia é mencionada por quatro vezes nas minutas; A palavra 'Deus' é mencionado uma vez e a palavra 'religião', também uma vez. A religião, de fato, aparece como uma disciplina separada da discussão em relação ao que fazer com as crianças".
Embora Costea e outros apoiantes da família Bodnariu tenham afirmado que a Barnevernet marca as famílias de imigrantes religiosos como alvo e as persegue de alguma forma, o diretor nacional da Jovens Com Uma Missão (JOCUM) na Noruega, Andreas Nordli disse ao Christian Post no início deste mês, que tal afirmação não é verdade e que muitas famílias de imigrantes ficam em apuros com a Barnevernet porque elas não estão cientes das leis de restrições parentais da Noruega.
Andreas Hegertun, o porta-voz do Movimento Pentecostal da Noruega, garantiu ao Christian Post que a Noruega não tem as famílias como alvo, por causa de sua fé.
"Cada grupo religioso / étnico cria seus filhos de acordo com suas crenças, desde que não violem a lei norueguesa", disse Hegertun ao CP. "Na prática, isso significa: desde que eles não usem de violência. Eu nunca ouvi falar de alguém se metendo em confusão com o governo por qualquer outra razão que não seja a violência, negligência grave ou vícios. Nessa questão, nós, como igrejas, concordamos fortemente com nosso governo, que a violência em relação às crianças não seja aceita".
Em sua análise, Costea afirma que a Barnevernet encarna "a ideologia secular nos pais da Noruega". Ele acrescentou que cerca de um quarto das crianças sob custódia na Noruega são filhos de imigrantes e refugiados religiosos "que são conhecidos por seus valores tradicionais".
"Por que a religião das famílias irrita tanto a Barnevernet?", Costea perguntou. "A resposta é simples: a Barnevernet incorpora a ideologia secular dos pais da Noruega. Quando isto entra em conflito com o estilo parental dos pais ou de pais cujo estilo parental é influenciada pela religião tradicional, neste caso o cristianismo, a Barnevernet vence sempre, simplesmente porque é como um braço do estado norueguês, que detém a espada e exerce o poder sobre famílias tradicionais".