“Até que a morte nos separe” pode parecer um chavão que se tem mantido ao longo de gerações durante as cerimônias de casamento. Mas um casal de Israel quer levar essa regra até ao fim.
Zechariah e Shama’a estão casados há 91 anos. Os dois eram órfãos judeus nascidos no Iêmen e foram pressionados para se casarem cedo para que pudessem permanecer aceites na comunidade judaica — Zechariah tinha 12 anos e a mulher tinha 10 quando chegaram ao matrimônio. Ao todo, tiveram 11 filhos e 64 netos e bisnetos, conta a BBC.
“Um, dois, três… Já não consigo lembrar-me de quantos (filhos) é que eram. Eram muitos”, afirmou Zechariah.
Em 1948, tiveram de fugir da pobreza e da perseguição à comunidade judaica que assolou o Iêmen, tendo procurado refúgio no então recente Estado de Israel.
“Nós não tivemos muito na vida. Sofremos… não há maior sofrimento do que aquele que experimentamos, nenhum. Não tínhamos casa, [por isso] limpamos o celeiro do burro e vivemos lá”, explicou Shama’a.
Para Zechariah, o segredo para aquele casamento feliz é a ajuda de Deus. “Deus enviou-a até mim. Eu fui sortudo por tê-la comigo. As mulheres vinham até mim como um rebanho de ovelhas, mas eu não quis nenhuma delas. […] Deus protegeu-nos sempre, e que [Deus] nos deixe morrer os dois juntos.”
O amor entre os dois permanece vivo, mesmo ao fim de quase um século de casamento, como esclareceu Zechariah. “Lembrem-se, esta é a minha primeira e última mulher com quem casei, e eu nunca a descartei.”