Dois atletas se recusaram a competir com o israelense no Judô, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, abandonando a competição.
Nesta segunda-feira (26), o judoca do Sudão, Mohamed Abdalrasool, não compareceu para lutar contra o israelense Tohar Butbul, dias depois que o judoca da Argélia, Fethi Nourine, também se recusou a competir contra o atleta de Israel, na categoria masculina de 73 kg.
Mohamed abandonou a competição, aparentemente para evitar de enfrentar o israelense, por questões políticas entre o Sudão e Israel. A Federação Internacional de Judô e as autoridades olímpicas sudanesas ainda não anunciaram a razão pela ausência de Abdalrasool.
O judoca israelense Butbul finalizou sua participação no Judô, ao perder nas quartas de finais para Changrim An da Coreia do Sul e na repescagem para para o canadense Arthur Margelidon, acabando com as esperanças de medalha.
“Essas são coisas que às vezes acontecem no judô, então não foi tão estranho para mim. Eu só tive que esperar, manter o foco e esperar pela minha primeira chance”, respondeu Butbul sobre os casos de discriminação de que foi vítima.
O israelense, que é o 7° judoca da classificação mundial, se recusou a comentar sobre as questões políticas, se detendo apenas ao seu desempenho nos Jogos Olímpicos.
“Eu vim com o objetivo puro de ganhar uma medalha e é muito difícil para mim suportar o fato de não ter correspondido às minhas próprias expectativas”, disse Butbul. “Esse foi o objetivo que coloquei em toda a minha carreira. Ainda é muito cedo para eu entender o que aconteceu. Eu não fui preciso na execução do meu plano, mas no judô às vezes há uma lacuna entre como você planeja e o que é na realidade. ”
Acordos de Abraão com o Sudão
Em janeiro deste ano, o Sudão assinou os Acordos de Abraão com os Estados Unidos, normalizando assim a relação do país africano com Israel. Entretanto, um relatório do início de julho revelou que o Sudão não estava satisfeito com o acordo de normalização. No país, o acordo foi amplamente rejeitado pela nação.
Judoca da Argélia apoiando a causa palestina
Na semana passada, o israelense Butbul foi escalado para enfrentar o argeliano Fethi Nourine, que se recusou a lutar contra o oponente de Israel. Nourine e seu técnico Amar Benikhlef tiveram seu credenciamento retirado no último sábado (24) e foram mandados para casa.
Em entrevista ao canal argelino, na quinta-feira (22), Nourine afirmou que seu apoio à causa palestina tornou impossível competir contra um israelense. “Trabalhamos muito para chegar às Olimpíadas, mas a causa palestina é maior do que tudo isso”, declarou ele.
A Argélia, um país árabe situado no norte da África, não reconhece o Estado de Israel.
Não é a primeira vez que Fethi Nourine se recusa a competir contra um adversário israelense. No Campeonato Mundial de Judô, em 2019, o atleta tomou a mesma atitude.
Nas Olimpíadas de 2016, no Brasil, o judoca israelense Or Sasson também foi vítima de discriminação, quando depois de ganhar a luta, seu oponente, o egípicio Islam El Shahaby, se recusou a apertar sua mão, conforme a tradição de respeito do judô.
O comitê executivo da Federação Internacional de Judô (IJF) anunciou que suspendeu temporariamente o judoca Nourine e seu técnico Benikhlef. A Federação condenou a postura discriminatória de Nourine.
“A IJF tem uma política rígida de não discriminação, promovendo a solidariedade como princípio fundamental, reforçada pelos valores do judô. O judô é baseado em um forte código moral, incluindo respeito e amizade, para promover a solidariedade e não toleraremos qualquer discriminação, pois vai contra os valores e princípios fundamentais do nosso esporte”, afirmou.