O Estado de Israel acaba de completar 75 anos de sua independência, data celebrada em 26 de abril.
O evento aconteceu cinco meses após uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, de partilha da Palestina, realizada em novembro de 1947. A sessão foi presidida e contou com o voto final do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha.
Durante sua estada na Espanha, uma declaração do presidente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa nesta quarta-feira (26), toca equivocadamente no assunto – e em plena celebração do povo judeu. Lula fez diversas críticas à ONU, entre elas sobre a criação de Israel e não da Palestina.
“Vejo que a ONU era tão forte que em 1948 ela conseguiu criar o Estado de Israel”, disse Lula. “Em 2023, ela não consegue criar o Estado palestino”, emendou.
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Em sua fala, Lula traz desinformação, uma vez que a intenção da resolução era estabelecer dois Estados: um para os árabes e outro para os judeus.
Os líderes judeus concordaram com a proposta da ONU, o que levou à fundação de Israel em 14 de maio de 1948. No entanto, os árabes rejeitaram a proposta e têm se oposto à presença de um Estado judeu soberano no Oriente Médio desde então.
Repercussões negativas
A declaração do presidente do Brasil gerou uma série contestações, incluindo da Embaixada de Israel no Brasil que usou o Twitter para repudiar as falas de Lula.
Lamentamos ouvir a declaração do Presidente Lula dizendo que a ONU criou Israel, mas não conseguiu criar um Estado Palestino. A verdade é o contrário e é importante olhar para os fatos históricos. pic.twitter.com/cKkkQsJngF
— Israel no Brasil (@IsraelinBrazil) April 26, 2023
“Lamentamos ouvir a declaração do Presidente Lula dizendo que a ONU criou Israel, mas não conseguiu criar um Estado Palestino. A verdade é o contrário e é importante olhar para os fatos históricos”.
A Embaixada traz uma série de informações históricas sobre o fato, deixando claro que a “Assembleia da ONU votou uma proposta para dividir o território do mandato britânico em dois estados: judeu e árabe”. E cita Oswaldo Aranha à frente da reunião.
Outra organização a se pronunciar foi a organização Stand With Us, que em seu Instagram escreveu:
“Ao contrário do que disse o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, Israel não foi criado pela Organização das Nações Unidas. Em 1947, o que a Partilha da ONU preconizou foi a criação de dois países, um para judeus e outro para árabes. Os judeus aceitaram, os árabes, não. O Estado de Israel foi fundado depois de uma guerra empreendida pelos exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque contra os judeus.”
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E continua: “Quanto a um Estado para Palestinos, tampouco a ONU ou outros organismos internacionais têm o papel de criá-lo atualmente, a não ser que os próprios palestinos e israelenses venham a selar a paz de forma independente – o que, infelizmente torna-se difícil, especialmente diante da divisão entre as próprias principais lideranças palestinas, entre o Fatah, partido do presidente Mahmoud Abbas, e o Hamas, grupo terrorista que controla ditatorialmente a Faixa de Gaza.”
A declaração do presidente brasileiro também foi rechaçada por outras organizações.