Os Acordos de Abraão completaram dois anos, nesta quinta-feira, em 15 de setembro. Em 2020, o então presidente dos EUA, Donald Trump, assinou o documento no qual Israel estabeleceu laços formais com dois estados árabes: os Emirados Árabes Unidos e Bahrein.
O acordo foi assinado, na Casa Branca, contou com a presença dos chanceleres Sheikh Adbullah bin Zayed al-Nahyan, dos Emirados Árabes, e Abdullatif Al Zayani, do Bahrein e do primeiro-ministro israelense, na época, Benjamin Netanyahu.
A partir dali outros países da região aderiram à proposta, que recebeu o nome do patriarca Abraão em homenagem às três religiões abraâmicas enraizadas no que hoje é Israel e nações vizinhas.
Em comunicado à imprensa, o Departamento de Estado americano emitiu uma nova enaltecendo o acordo, em nome do secretário Antony Blinken:
“Esses passos foram transformadores para Israel, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. Eles levaram a novas formas de cooperação e integração regional no Oriente Médio e além, incluindo o histórico Fórum de Negev, que nos uniu a Israel e seus vizinhos”.
Em celebração ao acordo, que estabeleceu laços diplomáticos, econômicos e outros entre Israel e seus vizinhos do Golfo Pérsico, o Sheikh Abdullah esteve em Jerusalém ao lado de autoridades israelenses.
De acordo com Joel C. Rosenberg, escritor e jornalista israelense, a visita marca “um grande dia na história das relações árabe-israelenses”.
Rosenberg explica que além de ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, o Sheikh Abdullah é o irmão mais novo do presidente Mohammed bin Zayed e filho do Sheikh Zayed al Nahyan, o fundador do moderno estado dos Emirados.
“Ele também é um dos coarquitetos dos Acordos de Abraão, tendo trabalhado em estreita colaboração com seu irmão e com Yousef al-Otaiba, embaixador dos Emirados Árabes Unidos em Washington, na elaboração do acordo histórico de paz e normalização com Israel”.
Em razão das comemorações, foi a primeira vez que o líder dos Emirados Árabes Unidos visitou Jerusalém, tornando o Sheikh Abdullah o mais alto funcionário dos Emirados a visitar a Cidade Santa.
Ele também esteve pela primeira vez no Yad Vashem, o Memorial do Holocausto.
Só o começo
Rosenberg diz que essas novidades são apenas o começo de mais avanços nas relações entre Israel e os países do Golfo, incluindo a visita do próprio presidente dos EAU ao país futuramente.
“Suspeito que a viagem esteja lançando as bases e preparando o terreno para uma dramática, histórica e emocionante visita de Estado a Israel pelo presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed”.
Rosenberg acredita na possibilidade após uma confidência do próprio MBZ, como é chamado o presidente.
“[Ele] me disse pessoalmente quando levei um grupo de líderes evangélicos para se encontrar com ele em Abu Dhabi em outubro de 2019 que ele queria duas coisas: 1) fazer as pazes com Israel; e 2) visitar Jerusalém pela primeira vez em sua vida”.
“Tendo cumprido o primeiro objetivo, agora acredito que a MBZ está ansiosa para cumprir o segundo”, disse Rosenberg.
Reunião em Jerusalém
Após chegar em Israel, o ministro das Relações Exteriores dos Emirados foi para a residência oficial do presidente israelense, em Jerusalém, onde almoçou com o presidente Isaac Herzog e depois foi para o Museu do Holocausto.
“Os Emirados tornaram-se assim um dos poucos líderes árabes muçulmanos a fazê-lo. Lá, ele honrou os 6 milhões de judeus que morreram no Holocausto, colocou uma coroa de flores no Hall of Remembrance e assinou o livro de visitas”, contou Rosenberg.
“Estou aqui hoje para nos lembrar das lições que a história nos ensina e da grande responsabilidade que temos de agir com tolerância para construir nossa comunidade e sociedade”, escreveu o Sheik. “Devemos dar o passo corajoso de construir uma ponte de verdadeira paz para as próximas gerações.”
Em seguida, o Sheikh Abdullah foi para a residência do primeiro-ministro israelense Yair Lapid.
Os dois discutiram uma série de assuntos econômicos, comerciais, agrícolas e turísticos, contemplados pelos Acordos de Abraão.
“Mas o ‘tópico A’ era como lidar com a ameaça iraniana em rápido crescimento e a aparente falta de vontade do governo de Biden em ser duro com Teerã”, informa Rosenberg.
Após conversaram com os repórteres, Lapid disse.
“Meu amigo, juntos, estamos mudando a face do Oriente Médio. Estamos mudando de guerra para paz, de terrorismo para cooperação econômica, de um discurso de violência e extremismo para um diálogo de tolerância e curiosidade cultural.”
Era de paz e cooperação
Com o avanço da aliança, espera-se que o comércio entre Israel e os Emirados Árabes Unidos quase dobre este ano para US$ 2 bilhões, e suba para US$ 5 bilhões em breve.
“Várias centenas de milhares de israelenses viajaram para os Emirados Árabes Unidos nos últimos dois anos para ver o lindo país do Golfo por si mesmos”, diz Rosenberg.
Com isso, os voos diretos entre os países estão lotados.
“Em breve, oramos, um grande número de muçulmanos dos Emirados começará a vir a Israel para adorar na Mesquita Al Aqsa em Jerusalém, visitar a Cúpula da Rocha e visitar locais sagrados judeus e cristãos e também as muitas maravilhas históricas de Israel”.
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