A Feira das Universidades Israelenses, que estava programada para acontecer nesta segunda-feira (3) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi impedida de ocorrer devido aos protestos de estudantes ligados a grupos de esquerda.
O evento seria na área da comissão organizadora dos vestibulares (Comvest).
Em comunicado, a reitoria da Unicamp confirmou que o evento teve que ser cancelado “por força de manifestações contrárias à sua ocorrência”.
Com bandeiras e faixas com mensagens como "Palestina livre" e "Unicamp - território livre de apartheid", os manifestantes, liderados pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) e pela Juventude Palestina (Sanaud), se posicionaram contra a feira.
Desde a semana passada, o evento tem sido objeto de um impasse a partir de sua divulgação por e-mail aos estudantes, noticiou o G1.
Em 28 de março, o reitor Antonio José de Almeida Meirelles informou que a feira seria mantida em uma reunião do Conselho Universitário, que é o órgão responsável pelas principais deliberações da instituição. No entanto, parte da comunidade é contra o evento e já havia criado um abaixo-assinado para apoiar um pedido de cancelamento feito pela Fepal.
“A saída, com segurança, da equipe promotora do evento ocorreu após negociações com os representantes da manifestação. A Unicamp ressalta que o direito à livre manifestação será garantido desde que essas sejam realizadas de forma pacífica e desde que não haja o impedimento de atividades acadêmicas devidamente autorizadas pelas instâncias decisórias da Universidade”, disse a reitoria da Unicamp, em nota.
Evento suspenso
Segundo informações fornecidas ao G1 pelo comitê organizador da feira, a manifestação teve início por volta das 12h30, coincidindo com o início do evento no campus de Barão Geraldo.
"Por motivo de segurança decidimos suspender. Não invadiram porque seguramos a porta [...] Dois seguranças foram agredidos", falou Carolina Birenbaum ao ressaltar que o caso será comunicado à polícia. De acordo com ela, ainda não há uma decisão sobre possível realização da feira na Unicamp em outra data.
Bandeira de Israel. (Foto: Unsplash/Taylor Brandon)
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) divulgou uma nota às 16h50, informando que a Polícia Militar não havia sido convocada para a área onde a feira universitária estava programada para acontecer.
Segundo o G1, entidades representativas dos professores, de servidores técnico-administrativos, e dos estudantes de graduação e pós fizeram moções para pedir cancelamento da feira entre 29 de março e esta segunda.
Repúdios
A Federação Israelita do Estado de São Paulo emitiu um comunicado condenando a ação dos manifestantes e relatando que representantes das universidades israelenses foram alvo de hostilidades. A entidade também defendeu que o caso seja investigado.
Federação Israelita do Estado de São Paulo repudiou ato. (Captura de tela/R7)
"A manifestação violenta foi patrocinada pela Federação Árabe Palestina [Fepal]. Unicamp é um espaço democrático que, inclusive, mantém seis convênios com universidades israelenses, sempre trabalhando no sentido de fazer a cooperação mútua entre os dois países", diz texto.
O presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), Ualid Rabah, negou as críticas feitas pela Federação Israelita do Estado de São Paulo e classificou as declarações como inverídicas.
"A Federação Israelita perdeu totalmente a capacidade ética e moral de distinguir o que é uma luta contra o apertheid. Foi uma manifestação pacífica, não teve agressão, convocada por uma série de organizações. A única coisa da Fepal é um documento, com quatro ou cinco folhas, enviado à reitoria onde pedimos o cancelamento da feira", defendeu.
‘Extrapolaram o limite’
André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil, entidade ligada ao governo de Israel, emitiu uma nota de repúdio sobre o ocorrido na Unicamp:
“A mobilização e protestos de hoje extrapolaram qualquer limite compreendido como liberdade de expressão, desrespeitando não só as instituições educacionais ali presentes, mas, sobretudo, os jovens que desejavam participar do evento”.
NOTA DE REPÚDIO
— André Lajst (@AndreLajst) April 3, 2023
Violentamente, manifestantes impedem a realização da Feira das Universidades israelenses, na Unicamp, nesta segunda-feira (03). + pic.twitter.com/f4TurCAI6e
E continuou: “O ambiente acadêmico é um dos principais bastiões da democracia e, necessariamente, o local da diversidade e da liberdade. Atentar contra isso é se voltar de modo obscurantista contra o que temos de mais caro em nossa sociedade.”
Segundo a organização, “mais de 200 universitários inscritos” para participar do evento “tiveram seu direito cerceado”.
A StandWithUs Brasil disse ainda que membros da equipe teriam testemunhado supostas “agressões contra seguranças e funcionários ligados às universidades participantes” por parte dos manifestantes.