A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) disse na sexta-feira (03) que o fragmento antigo com o nome do rei persa Dario, o Grande, “não é autêntico”.
A suposta descoberta foi divulgada com grande alarde, mas tudo não passou de um equívoco. O fragmento encontrado por um alpinista na região das planícies da Judéia, em Israel, pertencia a um especialista que participou de uma expedição no local.
Ele admitiu que havia criado o material para demonstrar aos seus alunos como eram os inscritos da antiguidade, mas acabou deixando o “fragmento” no local. O especialista foi questionado se fez isso sem querer ou se tinha outras intenções.
Em busca de verdade científica
Após a divulgação, o próprio especialista entrou em contato com a Autoridade de Antiguidades de Israel para explicar o ocorrido. Ele é um dos poucos profissionais da Arqueologia especializado em antigas inscrições aramaicas.
“Assumimos total responsabilidade pelo infeliz evento”, disse o professor Gideon Avni, que é cientista-chefe da IAA.
O tal fragmento foi examinado pelo Dr. Haggai Misgav, um dos principais pesquisadores sobre o antigo alfabeto aramaico e Sa'ar Ganor, um arqueólogo que estuda o local de Tell Lachish e sua região.
A Instituição disse que luta pela verdade científica e que todos estão empenhados em corrigir o erro que foi cometido, tornando-o conhecido pelo público.
“Em termos de práticas éticas e científicas, vemos isto como uma ocorrência muito grave. Deixar um material recém-inscrito no local foi um descuido, e levou ao erro cometido pelos pesquisadores, distorcendo a verdade científica. Mas, estes casos em pesquisas arqueológicas são muito poucos em número”, justificou.
Suposto achado arqueológico em Israel. (Foto: Reprodução Saar Ganon/Autoridade de Antiguidades de Israel)
Como o material foi encontrado?
O achado aconteceu por acaso, quando o caminhante Eylon Levy, assessor de mídia internacional do presidente de Israel, Isaac Herzog, estava passeando em Tel Lachish, no centro de Israel, em dezembro passado.
Ele conta que pegou uma pedra que parecia ter marcas estranhas. Quando olhou mais de perto, viu que era um pedaço de cerâmica com arranhões que poderiam ser inscritos antigos.
“Quando peguei o ostracon [pequena lasca ou pedaço de cerâmica, madeira ou pedra que era usada no mundo antigo para escrever mensagens curtas ou notas] e vi a inscrição, minhas mãos tremeram. Olhei para a esquerda e para a direita em busca das câmeras porque tinha certeza de que alguém estava pregando uma peça em mim”, disse Levy.
“Pensei que aquilo era bom demais para ser verdade”, ele ainda comentou. Ao ser analisada, porém, os profissionais da Autoridade de Antiguidades de Israel se mostraram céticos de que fosse verdadeiro.
Levy diz que algumas semanas depois recebeu um telefonema de Saar Ganor, da IAA, que disse estar vindo dos laboratórios dos Manuscritos do Mar Morto.
“Passamos por três scanners. Isso é autêntico”, disse ao afirmar que o material era de dois mil e quinhentos anos atrás, antes da história de Purim. Mas, como já foi esclarecido, tudo não passou de um grande equívoco.
Como resultado da “infeliz ocorrência”, a IAA disse que vai atualizar os procedimentos e políticas adequados com todas as expedições estrangeiras que trabalham no país.