MENU

Israel

Arqueólogos descobrem antiga 'fábrica' usada para produzir a púrpura mencionada na Bíblia

A descoberta da antiga fábrica de tinta roxa ocorreu em Tel Shiqmona, Israel, e remonta a aproximadamente 1100 a.C., período da Idade do Ferro.

Fonte: Guiame, com informações da Fox NewsAtualizado: terça-feira, 13 de maio de 2025 às 12:41
Antigo sítio arqueológico onde o Mosaico de Megido teria sido encontrado em Israel. (Captura de tela/Fox News)
Antigo sítio arqueológico onde o Mosaico de Megido teria sido encontrado em Israel. (Captura de tela/Fox News)

Recentemente, historiadores anunciaram a existência de uma antiga fábrica de tinta roxa (púrpura), localizada na atual Israel, capaz de revelar um vislumbre da vida nos tempos bíblicos.

Em um estudo recém-publicado na revista PLOS One, historiadores divulgaram a descoberta de Tel Shiqmona, um monte arqueológico situado ao sul de Haifa, às margens do Mar Mediterrâneo.

Segundo os autores do artigo, Tel Shiqmona “pode ser inequivocamente identificada como uma instalação especializada para a produção em larga escala e de longo prazo do lucrativo corante roxo.”

O sítio arqueológico data de aproximadamente 1100 a.C., período da Idade do Ferro. Biblicamente, ele precede os reinados de Salomão e Davi por mais de um século, e provavelmente se tornou mais sofisticado com o tempo.

"É o único local no Oriente Próximo ou ao redor do Mediterrâneo – na verdade, em todo o mundo – onde uma sequência de oficinas de produção de tinta roxa foi escavada, apresentando evidências claras de fabricação em larga escala e contínua desse corante e da tinturaria em uma instalação especializada por meio milênio, durante a Idade do Ferro", descreve o artigo.

"O número e a diversidade de artefatos relacionados à fabricação de tinta roxa são incomparáveis."

Menções na Bíblia

As imagens revelam fragmentos de cubas manchadas com tinta roxa e resíduos do corante em diversas ferramentas de pedra. O que torna esse sítio excepcional é sua produção industrial de tinta roxa, contrariando a ideia de que esse processo só teria sido introduzido pelos romanos no século I d.C.

Extraído das conchas de determinados moluscos, o corante roxo era altamente valorizado na antiguidade e aparece em várias passagens bíblicas. Atos 16:14, por exemplo, menciona uma comerciante associada a esse precioso pigmento.

"Uma das que ouviam era uma mulher da cidade de Tiatira chamada Lídia, comerciante de tecidos púrpura", diz o versículo. "Ela era adoradora de Deus. O Senhor abriu seu coração para que respondesse à mensagem de Paulo."

Em Marcos 15:17, os captores de Jesus o vestiram com um manto roxo como forma de escárnio, explorando a associação da cor à realeza para ridicularizá-lo.

"E o vestiram com um manto púrpura; e, depois de trançar alguns espinhos formando uma coroa, a colocaram sobre ele", diz o versículo.

Em Tel Shiqmona, os pesquisadores empregaram diversas técnicas, como análises químicas e mineralógicas, para examinar cada artefato encontrado.

Tingia fibras e lã

Em entrevista à New Scientist, o arqueólogo Golan Shalvi explicou que, ao serem esmagados, os moluscos liberavam um fluido esverdeado que, ao oxidar, adquiria a tonalidade roxa.

"No entanto, para transformá-lo em um corante real – capaz de se ligar quimicamente aos tecidos – ele precisa passar por uma solução complexa por meio de várias etapas químicas", explicou Salvi.

"Foi um local industrial durante a maior parte da Idade do Ferro, sem arquitetura monumental ou qualquer beleza ou elegância particular", acrescentou. "Imagino que fosse um lugar com um cheiro muito forte – especialmente para um nariz moderno – já que o processo de produção emitia um odor terrível. Imagino mechas de lã tingidas em diversos tons secando dentro e fora dos edifícios, o que pode ter dado ao local uma tonalidade arroxeada, avermelhada ou azulada."

Os analistas identificaram que a fábrica em Tel Shiqmona não apenas produzia corante roxo, mas também tingia fibras e lã, indo além da simples extração do pigmento.

"O tamanho e a abertura das cubas teriam permitido a imersão das mechas de lã ou fibras dentro delas", explica o artigo.

Considerando seu peso significativo quando cheios, é pouco provável que os tanques tenham sido concebidos para serem movidos ou inclinados.

A produção do corante nesses grandes recipientes, seguida de sua transferência para outros para o processo de tingimento – seja em Shiqmona ou em outro local – não parece ser uma explicação plausível do método empregado.

"Portanto, concluímos que toda a produção, desde a coleta dos moluscos até o tingimento, ocorreu no próprio local, e que tanto a fabricação do corante quanto o tingimento foram realizados em um único recipiente – aparentemente um processo bastante eficiente."

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame