O parlamento de Israel decidiu se dissolver e Naftali Bennett anunciou que deixaria o cargo de primeiro-ministro, depois que uma série de desaprovações tornou sua coalizão insustentável.
Como resultado, Yair Lapid, até então ministro das Relações Exteriores, tornou-se o novo premiê à meia-noite de quinta-feira (30), assumindo como o 14º primeiro-ministro da história de Israel.
A liderança de Lapid, no entanto, pode ser bastante curta, já que ele assumiu um governo interino antes das eleições nacionais, marcadas para 1º de novembro. Esta será a quinta eleição de Israel em pouco mais de três anos.
“Faremos o melhor que pudermos por um Estado judeu e democrático, bom, forte e próspero, porque esse é o trabalho, e é maior do que todos nós”, disse Lapid na cerimônia de posse ao lado de Naftali Bennett.
Antes de entrar na vida política, Lapid foi autor, colunista de jornal e apresentador de TV. Ele foi também o principal líder da oposição de Benjamin Netanyahu, à frente da coalizão que encerrou seu governo de 12 anos, como primeiro-ministro mais antigo de Israel.
Embora Lapid tenha intenção de se eleger em novembro, pesquisas indicam que será um caminho difícil para ele derrotar seu principal rival, Benjamin Netanyahu, que é fortemente apoiado por eleitores, mas também está no centro de uma crise política.
Netanyahu enfrenta acusações de aceitar suborno, fraude e quebra de confiança, mas tem negado qualquer transgressão.
Yair Lapid ao lado de Naftali Bennet. (Foto: Prime Minister of Israel/Twitter)
Diferenças entre Lapid e Netanyahu
Tanto Lapid como Netanyahu são políticos carismáticos, que se conectam tanto com grandes públicos quanto com grupos minoritários. No entanto, eles têm visões de mundo muito diferentes.
Lapid, morador de um bairro nobre de Tel Aviv, entrou na cena política em 2012 ao formar seu partido “Yesh Atid”, ou “Há um Futuro”, que atende à classe média em dificuldades do país.
Com uma linha secular, ele criticou a influência dos partidos ultra-ortodoxos e conquistou eleitores árabes, através de um movimento histórico de inclusão de um partido árabe em sua coalizão.
Lapid também será também o primeiro primeiro-ministro israelense, desde 2009, a apoiar uma solução de dois Estados com os palestinos, apresentando uma mensagem de unificação.
Já Netanyahu é um nacionalista fervoroso, que se alinhou com partidos religiosos e judeus que se opõem ao Estado palestino e apoia o estabelecimento de comunidades judaicas na Cirjordânia, região denominada por Israel como Judeia e Samaria.
“Eles prometeram mudanças, falaram de cura, tentaram um experimento e o experimento falhou”, disse Netanyahu ao parlamento antes da votação de quinta-feira, enquanto criticava o governo que está deixando o país. “Somos a única alternativa: um governo nacionalista forte, estável e responsável.”