No último sábado (4), o pastor Joel Engel realizou um ato profético na fronteira da Faixa de Gaza, a apenas cem metros da barreira que separa Israel do território controlado pelo Hamas.
O momento de oração aconteceu horas depois de o grupo terrorista anunciar, em 3 de outubro, que aceitaria libertar todos os reféns israelenses, vivos ou mortos, sob os termos de uma proposta de cessar-fogo apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Dias depois, na quarta-feira (8), Israel e o Hamas assinaram um acordo de paz, concordando com a troca de reféns israelenses e prisioneiros palestinos como primeiro passo de um plano de cessar-fogo para a Faixa de Gaza. Pelo acordo, as forças israelenses deverão recuar do território palestino, enquanto o Hamas terá 72 horas para iniciar a libertação dos reféns.
Engel afirma que a oração foi uma direção clara de Deus. “O Senhor havia colocado fortemente em meu coração que era tempo de proclamar libertação sobre os cativos e redenção sobre a Terra”, declarou o pastor. “Cremos que Deus ouviu as orações feitas ali e está cumprindo Sua promessa de jubileu e restauração sobre Israel.”
“Eu precisava ir até Gaza”
O pastor contou ao Guiame que costuma ir a Israel para celebrar as festas judaicas e participar do movimento de oração em Jerusalém. Mas este ano, algo diferente “queimou” em seu coração:
“Primeiro, eu sentia um peso de oração pelo Brasil, mas algo muito forte me chamava também para Gaza. Dia e noite eu pensava: ‘Eu preciso ir lá. Orar naquele lugar, buscar a Deus, prantear.’”
Durante a preparação de uma mensagem, ele recebeu uma palavra clara de Deus.
Engel contou que passou dias orando em silêncio no quarto do hotel, sem vontade de sair. “O Espírito de súplica me tomou. Eu só conseguia orar.”
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Quando chegou a Israel, as imagens dos reféns expostas no aeroporto o impactaram. “O maior clamor do povo de Israel é esse: o clamor pelos filhos. Eles não vão sossegar enquanto não os virem voltar para casa. E Deus me mostrou que esse é o mesmo coração do Pai celestial — Ele também clama pelos Seus filhos cativos.”
Uma missão cercada de riscos
Convicto da direção de Deus, Engel começou a procurar uma forma de chegar à fronteira. “Ninguém queria me levar. Todos diziam: ‘Nem passe perto de Gaza! É perigoso demais.’”
Mesmo assim, ele insistiu. “O Espírito Santo continuava falando comigo: ‘Em Gaza há pessoas sofrendo. E um profeta precisa estar onde há necessidade dele.’”
Após dias de tentativas, conseguiu falar com Álvaro, um amigo espanhol e guia turístico em Israel. “Era sexta-feira, véspera de shabat. Ele também hesitou, mas no sábado de manhã concordou em me levar.”
Álvaro explicou que não era possível entrar em Gaza, mas que havia um mirante a 100 metros da fronteira, de onde se podia ver toda a região.
As marcas do terror pelo caminho
A viagem durou cerca de uma hora e meia. “Quanto mais nos aproximávamos, mais deserto era o caminho. Vi cruzes, memoriais, restos de ataques. Um ambiente pesado, de tristeza e desolação”, lembrou Engel.
“Passamos por cidades marcadas pelos ataques de 2023. Prédios queimados, carros destruídos. A cidade de Sderot me impressionou — linda, mas completamente vazia. Nenhuma pessoa na rua. Tudo fechado.”
Em cada ponto de ônibus, havia bunkers de proteção. “Ouvimos histórias terríveis. Pessoas que se esconderam e foram mortas por granadas. Jovens que fingiram estar mortos. É preciso muito controle emocional para suportar ver tudo isso.”
Ao chegar ao mirante, Engel viu de perto o cenário do conflito.
“Havia um escudo de ferro onde as pessoas se protegem para tirar fotos. Mas eu coloquei uma cadeira na frente. Queria orar de frente para Gaza, olhando para aquele território devastado. Era como estar diante do vale da sombra da morte.”
O vento do Espírito
Enquanto orava, Engel clamou por libertação — pelos reféns, pelas famílias e pela nação. “Pedi a Deus um sinal, como em Ezequiel 37, quando o profeta chama os quatro ventos”, contou.
O pastor então levantou o talit e orou: “Senhor, manda o Teu vento! Mostra que o Senhor está ouvindo a nossa oração. Manda ventos de paz, de cura e de alegria sobre esta terra.”
Minutos depois, algo aconteceu: “Começou a soprar um vento forte. O talit se levantou, e todos ao redor ficaram maravilhados. Um japonês que estava lá fazia sinal: ‘Está funcionando!’ Eu comecei a rir e chorar ao mesmo tempo. A presença de Deus era real.”
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Engel descreveu aquele momento como um divisor espiritual. “O vento do Espírito soprou em Gaza. Vi, pela fé, os reféns saindo de lá, voltando para casa, sendo recebidos em festa. Era o jubileu — o tempo da restituição e da liberdade.”
Antes de ir, ele havia deixado tudo preparado com a família. “Saí bem cedo, sem avisar, para não preocupá-los. Mas deixei instruções com meu genro e disse à minha filha que, se eu não voltasse, meus cartões estavam com ela. Eu sabia que era uma missão perigosa.”
Mais tarde, descobriu que seu amigo Álvaro havia feito o mesmo. “Ele também se despediu da esposa, deixando tudo pronto. Foi quando entendemos que realmente estávamos em uma missão profética.”
Ao retornar para Jerusalém, Engel desabou em lágrimas. “Chorei muito. Senti uma comoção profunda. Mas também uma paz — a certeza de que Deus ouviu. O tempo é profético. O jubileu representa o retorno, a restituição, a libertação.”
“Vai se cumprir”
“A promessa de Deus é clara. Em Levítico 25:8, Ele fala da libertação dos escravos. E Jesus confirma em Lucas 4:18: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para libertar os cativos e trazer alegria em vez de tristeza.’”
“Com base nessa palavra, nós proclamamos: vai se cumprir! Tocamos o shofar e cremos que Deus é poderoso para realizar essa bênção”, afirmou.
Para ele, o vento que soprou na fronteira de Gaza foi um sinal visível da ação de Deus sobre os israelenses. “Não era um vento natural. Era o sopro do Espírito Santo respondendo ao clamor de uma nação. Deus ainda reina sobre Israel.”
Emocionado, ele concluiu: “A oração em Gaza não foi só por Israel. Foi uma oração pelo mundo. Porque quando o Filho do Homem libertar, verdadeiramente seremos livres. Deus está chamando Sua Igreja para interceder — para que todos os cativos retornem à casa do Pai.”