Enfermeira cristã punida por chamar trans de ‘senhor’ é apoiada por deputada britânica

A deputada Claire Coutinho afirmou que crenças sobre sexo biológico são protegidas por lei e alertou que punir Jennifer Melle prejudica a imagem do NHS.

Fonte: Guiame, com informações da Christian ConcernAtualizado: quarta-feira, 10 de dezembro de 2025 às 11:59
A enfermeira cristã Jennifer Melle durante entrevista. (Captura de tela/YouTube/Christian Concern)
A enfermeira cristã Jennifer Melle durante entrevista. (Captura de tela/YouTube/Christian Concern)

A enfermeira cristã Jennifer Melle foi investigada e punida pelo NHS, sistema de saúde da Inglaterra, acusada de “não respeitar a identidade preferida” de um paciente, homem biológico, que se identifica como mulher.

O caso teve início quando a profissional de 40 anos se referiu a um homem como como Sr., o que foi rechaçado por ele.

“O ‘Sr. X’ gostaria de receber alta por conta própria”, disse ela ao médico com quem conversava por telefone. Ao ouvir a conversa, o homem, um agressor sexual infantil, gritou enfurecido: “Não me chame de senhor! Eu sou uma mulher!”

Após receber instruções do médico sobre qual medicamento administrar ao paciente antes de sua alta, Jennifer disse ao trans, educadamente: “Lamento não poder me referir a você como ela, pois é contra minha fé e valores cristãos, mas posso chamá-lo pelo seu nome”.

Inconformado, o homem cometeu crime de racismo contra a enfermeira: “Imagine se eu te chamasse de negra. Que tal eu te chamar de negra? Sim, preta negra!”, gritou o homem.

Denunciada pelo paciente por homofobia, a enfermeira sênior, após ser repreendida pelo Epsom and St Helier University Hospitals NHS Trust, onde trabalhava, também foi demitida.

Suspensão de punição

A deputada Claire Coutinho, ministra-sombra para Igualdades, pediu ao NHS que suspenda as ações disciplinares contra a enfermeira Jennifer Melle, acusada pelo tratamento ao paciente.

Ela também criticou instituições como o Nursing and Midwifery Council (NMC) e o Royal College of Nursing (RCN) por não a terem protegido adequadamente no episódio.

Em carta endereçada ao presidente e ao diretor executivo do Epsom and St Helier University Hospitals NHS Trust, Coutinho classificou o processo contra a profissional como uma “grave injustiça” e solicitou uma reunião de emergência antes da audiência disciplinar, que estava marcada para 9 de dezembro.

Em sua carta, Coutinho alerta:

“Tomar medidas disciplinares contra Jennifer Melle é uma grave injustiça. Se as sanções forem impostas, isso causará sérios danos à reputação do Trust junto ao público, que pode ver claramente que Jennifer não fez nada de errado.”

E acrescentou: “No fim das contas, trata-se de uma enfermeira que prestou mais de uma década de serviço ao NHS e que, sem culpa própria, foi alvo de abuso racial no trabalho por um pedófilo transgênero condenado. Ela foi então abandonada pelas instituições, incluindo o NMC e a RCN – que deveriam protegê-la, mas que, em vez disso, se renderam à influência da ideologia radical de gênero.”

Histórico impecável

Há mais de uma década de serviço no sistema de saúde britânico, Jennifer nunca teve problemas disciplinares anteriores.

Sem detalhes específicos e apesar de seu histórico impecável, Jennifer foi suspensa com salário integral, proibida de permanecer no hospital, orientada a recolher seus pertences e escoltada para fora do local, chorando.

Desde então, ela permanece suspensa, enquanto o NHS Trust reforçou seu compromisso com os direitos das pessoas transgênero, atualizando suas políticas para considerar a falta de definição de gênero como uma violação explícita.

Jennifer acredita que a acusação de “violação de dados” é apenas um pretexto para puni-la por ter denunciado o caso à mídia, após ser disciplinada e encaminhada ao NMC por se recusar a usar a identidade de gênero preferida de um paciente condenado por pedofilia.

‘Período sombrio’

Jennifer afirma que o Trust ignorou proteções para denunciantes e usou políticas internas para encobrir questões mais amplas.

Ela descreve os últimos meses como “o período mais sombrio da minha vida”, marcados por ansiedade, insônia e medo de perder sustento e reputação – situação agravada por ser mãe solteira.

“Sempre busquei oferecer o mais alto padrão de cuidado a cada paciente. Mas eu não poderia, em boa consciência, me referir a um pedófilo homem como mulher”, explicou Jennifer.

“Fazer isso comprometeria a verdade e, na minha opinião, a segurança do paciente. Estou devastada que minha fé e integridade profissional tenham levado a essa situação, mas mantenho minhas convicções. Sou muito grata pelo que Claire Coutinho fez e agora oro por proteção e justiça.”

Repercussões e apoio político

Coutinho ressaltou na carta que as crenças sobre o sexo biológico são protegidas pela Equality Act e que aplicar sanções à enfermeira poderia prejudicar a reputação do NHS junto ao público.

O caso ganhou atenção midiática e apoio de figuras públicas e grupos conservadores e religiosos.

Quando a história de Jennifer saiu na primeira página no domingo, 23 de março, foi visualizada milhões de vezes online e recebeu apoio público significativo, inclusive de J.K. Rowling.

A Christian Legal Centre, organização que representa Jennifer, denunciou discriminação religiosa e violação de direitos humanos, afirmando que o NHS teria priorizado políticas de identidade de gênero em detrimento da proteção de seus funcionários.

Em pronunciamentos anteriores, políticos de destaque, como a líder da oposição Kemi Badenoch, também endossaram a posição de Jennifer, qualificando a situação como “completamente insana” se a enfermeira fosse punida por afirmar o sexo biológico do paciente.

Audiência cancelada

No dia do julgamento, o Epsom and St Helier NHS Trust surpreendeu ao cancelar abruptamente a audiência disciplinar, citando a indisponibilidade de um membro do painel, sem data alternativa definida.

A decisão ocorre em meio a um precedente recente em que um tribunal trabalhista considerou que um enfermeiro foi assediado por preocupações sobre espaços de um único sexo, sinalizando uma possível revisão mais ampla de casos semelhantes envolvendo identidade de gênero e direitos no trabalho.

Nova audiência

O caso de Jennifer Melle levanta questões delicadas e controversas sobre a interseção entre liberdade religiosa, direitos laborais, políticas de identidade de gênero e proteção dos profissionais de saúde.

Enquanto apoiadores veem a intervenção de Claire Coutinho como uma defesa necessária da liberdade de consciência, críticos alertam para o impacto potencial sobre pacientes trans e as políticas inclusivas no ambiente de saúde.

Jennifer, com apoio do Christian Legal Centre, moveu ações judiciais contra o Epsom and St Helier University Hospitals NHS Trust por assédio, discriminação e violação de direitos humanos.

Sua audiência no Tribunal do Trabalho está marcada para abril de 2026 no Tribunal do Trabalho de Croydon.

 

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