A maioria dos estudantes já tinha ido embora no fim de semana, mas várias pessoas permaneceram em uma escola religiosa, na cidade de Sderot, Israel, na quinta-feira (13) à noite. Três deles estavam sentados para estudos bíblicos de Salmos quando o alarme de foguete soou um pouco antes das nove da noite.
Segundos depois, um míssil bateu em uma parede a poucos passos de distância, espalhando concreto e vidro pelo lugar, mas deixando os estudantes ilesos.
Testemunhas disseram que se o foguete tivesse atingido o local alguns minutos antes, quando a sala de estudos principal estava cheia de estudantes, ou a poucos metros de onde os demais estavam, poderia ter sido uma história muito diferente.
"Aconteceu a dois metros de mim", disse Shalom Kahlon, um ex-aluno que estava na sala de estudos no momento da explosão, em entrevista ao site de notícias do Ynet.
Lado de fora de uma escola religiosa judaica em Sderot, Israel, depois de ter sido atingido por um foguete lançado da Faixa de Gaza, quinta-feira, 13 de junho de 2019. (Foto: Tsafrir Abayov/AP)
“Ele bateu na parede, a três metros do lugar onde eu estava sentado. Se o foguete tivesse meio metro para o lado, não sei se estaria falando agora”, acrescentou.
Kahlon e outros descreveram ter ouvido um forte estrondo quando o foguete atingiu o prédio de vários andares, que abriga a escola, apesar de não haver explosão de uma ogiva, o que poderia ter causado uma devastação muito maior.
Destruição
A explosão ainda conseguiu quebrar várias janelas temperadas e deixar um grande buraco em uma parede externa, onde causou um impacto direto, com entulho de concreto espalhado pela calçada. No entanto, as autoridades disseram que não houve feridos.
"Foi um milagre", disse o rabino chefe da yeshiva, Shlomo Binyamin, ao Canal 12. "Apenas 10 minutos antes, havia 15 estudantes declarando orações da noite na sala."
Cerca de 150 estudantes frequentam o Lev Ladaat hesder yeshiva, de acordo com seu site. Se o foguete tivesse acontecido em outro dia da semana, mais estudantes poderiam estar presentes, mas muitos deles aparentemente já haviam partido para o fim de semana.
Uma sinagoga Chabad Lubavitch adjacente à escola também foi ocupada por várias pessoas, segundo o rabino Moshe Zeev Pizem, que estava conduzindo uma sessão semanal de estudos bíblicos na época.
"Estávamos ocupados com uma aula da Torá quando no meio da palestra soou uma sirene e, segundos depois, uma explosão muito forte, que fez todo mundo pular", disse ele à Channel 13 News. "Momentos depois, todos percebemos que estávamos vivos."
Gaza
Devido a sua proximidade à Gaza, os moradores de Sderot têm apenas 15 segundos ou menos para procurar abrigo quando um alarme de foguete soa. Muitos edifícios mais novos da cidade, que foram atingidos por milhares de foguetes desde o início dos anos 2000, são construídos com concreto armado. O edifício yeshiva foi construído em 2012.
O foguete foi o segundo a ser lançado na quinta-feira em Gaza, mas, diferentemente do primeiro, não foi interceptado pelo sistema antimíssil Iron Dome, por razões ainda não esclarecidas.
Políticos e outros pediram uma grande operação militar na noite de quinta-feira, incluindo o assassinato de líderes do Hamas, para conter a crescente violência.
"A situação atual não pode continuar", disse o prefeito de Sderot, Alon Davidi. “Como eu disse no passado, apenas uma operação militar trará paz à nossa região.”
Os palestinos relataram ataques aéreos perto da Cidade de Gaza nesta sexta-feira, em aparente resposta ao lançamento de foguetes.
As tensões com Gaza têm aumentado constantemente nos últimos dias, com Israel bloqueando o acesso de pescadores de Gaza ao mar na quarta-feira em resposta a balões incendiários sendo lançados sobre a fronteira.
Os episódios ameaçam desfazer um cessar-fogo não oficial mediado após uma grande crise no início de maio, em que os lados trocaram o fogo mais intenso em anos, levando à morte de quatro israelenses e 29 palestinos. Os moradores de Gaza dizem que Israel tem sido lento na implementação de partes do acordo.