28 dos 140 alunos do colégio batista sequestrados no início de julho, na Nigéria, foram libertados e devolvidos às famílias, neste domingo (25).
Os líderes da igreja entregaram os estudantes aos pais no Colégio Betel Batista, localizado na cidade de Damishi, no norte do país. Entretanto, 80 crianças ainda estão detidas pelos sequestradores, segundo Israel Akanji, presidente da Convenção Batista da Nigéria.
Segundo o site Morning Star News, a suspeita é que o sequestro tenha sido feito por pastores Fulani — grupo conhecido por atacar vilas para saquear gados e fazer sequestros em troca de resgates na Nigéria. Desde o início do ano, no entanto, eles têm tido como alvo as escolas e faculdades do país.
Até o momento, 34 crianças, sequestradas em 5 de julho, foram libertadas ou conseguiram fugir do cativeiro. Ainda não há informações sobre quando o restante dos alunos serão liberados. Os sequestradores supostamente exigiram um resgate de 500.000 Naira (cerca de 1.200 dólares) para cada estudante.
Os pais se reencontram com os alunos liberados da Bethel Baptist High School em Damishi, no domingo (25). (Foto: AP Photo).
Israel Akanji afirmou que a Igreja Batista não pagou o resgate porque vai contra o pagamento de criminosos, mas que as famílias das crianças sequestradas são livres para tomarem a decisão que considerem melhor.
De acordo com um porta-voz da polícia nigeriana, Mohammed Jalige, no dia 12 de julho, as forças de segurança e as forças de defesa civil encontraram três crianças sequestradas vagando exaustas no mato, durante uma patrulha de rotina ao redor das florestas perto da aldeia de Tsohon Gaya.
Outros dois estudantes escaparam no dia 20 de julho, quando foram mandados buscar lenha numa floresta próxima. Segundo Jalige, os estudantes estão fazendo exames médicos.
Onda de ataques Fulani
Os pais se reencontram com os alunos liberados da Bethel Baptist High School em Damishi, no domingo (25). (Foto: AP Photo).
Cerca de 1.000 estudantes foram sequestrados em diferentes estados da Nigéria desde dezembro do ano passado. A maioria foi libertada após negociações com autoridades locais, embora alguns ainda estejam em cativeiro.
O presidente da Nigéria Muhammadu Buhari não tem sido capaz de enfrentar os casos crescentes de sequestros em massa de escolas nigerianas.
A Nigéria liderou o mundo em número de cristãos sequestrados no ano passado, com 990 pessoas detidas. No mapa da perseguição da Portas Abertas, a Nigéria entrou no top 10 pela primeira vez, subindo do 12º lugar para a 9ª posição.
Formado por milhões de membros na Nigéria e no Sahel, os Fulani são predominantemente muçulmanos. Embora a grande maioria não seja adepta ao extremismo, alguns grupos aderem à ideologia islâmica radical, informou o Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para a Liberdade ou Crença Internacional (APPG, na sigla em inglês).
Para os líderes evangélicos e batistas da Nigéria, chegou a hora dos cristãos nigerianos aumentarem suas medidas de autodefesa.
“Os cristãos no estado de Kaduna sofreram muito com as mãos de seus agressores, sejam pastores Fulani, bandidos ou terroristas. Vimos que embora a oração funcione, só a oração não pode fazê-lo porque a fé sem obras é morta estar só”, declarou Samson Olasupo Ayokunle, presidente da Associação Cristã da Nigéria e pastor batista.