Uma menina de 3 anos e nove outras pessoas morreram no noroeste do estado de Kaduna, na Nigéria, em um ataque terrorista matutino a uma vila cristã, realizada por pastores (criadores de gado) muçulmanos armados de origem Fulani, segundo um relatório. As ações do grupo tem sido de tal nível de violência que chegam a ser comparadas ao grupo terrorista Boko Haram.
A menina de 3 anos, identificada como Elizabeth Samaila, sofreu vários cortes de facão na cabeça. Ela morreu em um hospital na última quinta-feira (4), um dia após o ataque à comunidade Tudun Agwalla, na área do governo local de Kajuru, segundo informou a organização ‘Christian Solidarity Worldwide’, sediada no Reino Unido.
Também na última quinta-feira, famílias de nove outras pessoas que foram mortas após serem mutiladas com facões foram enterradas em uma vala comum. Seis das nove pessoas foram identificados como Richard Yusuf, Kefas Yusuf, Fidelis Wada, Kachia, Genesis Soja e Rahab Soja.
Rita Friday, de oito anos, que também foi ferida na cabeça, estava entre um número desconhecido de moradores cristãos feridos no ataque, disse a CSW, acrescentando que sete pessoas continuam desaparecidas.
"O que é particularmente inaceitável é que a morte dela é a mais recente a ocorrer em uma série de ataques que continuam inabaláveis", disse o diretor-executivo da CSW, Mervyn Thomas. "O sul de Kaduna está sendo constantemente transformado em campos de extermínio, devido a um grave fracasso de governança ou indiferença e aquiescência oficiais".
Os Fulani atacam rotineiramente de forma brutal as comunidades agrícolas que são predominantemente cristãs no cinturão médio da Nigéria. Enquanto alguns acreditam que esses pecuaristas nômades lançam ataques enquanto procuram pastagens, os radicais atacam aldeias cristãs de maneira semelhante ao grupo terrorista Boko Haram que aterroriza as regiões norte do país.
Em um relatório especial, intitulado "Nigéria: um campo mortal para cristãos indefesos", divulgado no início deste ano, a organização não-governamental Sociedade Internacional para Liberdades Civis e Estado de Direito (Intersociety), com sede em Anambra, estimou que cerca de 11.500 cristãos foram mortos na Nigéria desde 2015 por grupos como os Fulani, Boko Haram e bandidos da estrada.
Uma estimativa recente da Intersociety sugere que mais de 620 cristãos foram mortos na Nigéria até agora em 2020.
"Agora é preciso pressionar as autoridades estaduais e federais para garantir a proteção dessas comunidades vulneráveis, e que ações efetivas sejam tomadas para desarmar todos os atores não-estatais armados e levar os responsáveis por essas atrocidades horríveis à justiça", disse Thomas.