Os cristãos na Síria estão enfrentando um clima de incerteza após a queda do regime de Bashar al-Assad com a tomada do governo por extremistas islâmicos do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), no início de dezembro.
Segundo a Missão Portas Abertas, os cristãos vivem uma mistura de otimismo cauteloso e ceticismo em relação ao futuro do país nas mãos dos rebeldes.
O povo sírio, que foi castigado por décadas de regime autoritário, está experimentando a liberdade, mas ainda não tem certeza do que será da nação no futuro.
“Percebemos agora a pressão em que estávamos. Agora podemos usar a palavra 'dólar', uma moeda estrangeira, sem medo. Estamos experimentando um novo senso de liberdade, algo que nunca conhecemos", explicou um cristão sírio, em entrevista à Portas Abertas.
No regime de al-Assad, citar o nome de uma moeda estrangeira era crime passível de punição.
Para muitos cristãos sírios, o novo governo representa um alto risco. "A visão para o futuro é nebulosa. Estamos enfrentando dois extremos assustadores: o fundamentalismo islâmico de um lado e um perigoso vácuo de poder do outro. Nos últimos 50 anos, nós, como povo e como instituições, não fomos preparados para um país sem o regime de Assad", afirmou outro cristão.
"Fomos pegos de surpresa”
O principal desafio para os sírios é reconstruir o país que foi deixado em ruínas no aspecto social, político e econômico.
Os seguidores de Jesus no país preferem manter a cautela inicialmente. "Fomos pegos de surpresa. Nos sentimos inseguros e não sabemos o que fazer. As coisas parecem calmas na superfície, mas levará tempo para realmente entender o que está acontecendo. Precisamos ser cautelosos, continuar monitorando e oferecer o nosso melhor", ressaltou outro cristão.
Alguns crentes estão monitorando as redes sociais para descobrir se há sinais de extremismo e mudanças políticas.
Enquanto isso, tem acontecido reuniões entre líderes da oposição e representantes da Igreja, com promessas que os cristãos sírios serão protegidos e inclusos na sociedade.
“Queremos acreditar neles, mas temos medo. Sentimos que os cristãos na Síria estão sendo usados como uma carta política para garantir um bom relacionamento com o Ocidente ", revelou um cristão.