Há 40 anos, a China começava a abrir suas portas para o mundo, lançando uma série de reformas ambiciosas que criariam um dos maiores motores econômicos do planeta.
"A China é hoje a segunda maior economia do mundo, a maior fabricante, maior comerciante de bens e a segunda maior consumidora de bens e receptora de investimentos estrangeiros", disse o presidente chinês, Xi Jinping, durante um discurso em Pequim, comemorando o 40º aniversário do marco.
"18 de dezembro de 1978, foi um dia importante a ser lembrado na história da nação chinesa", acrescentou Xi, dizendo que marcou o "início de uma grande jornada de reforma, abertura e modernização socialista".
Retrocesso
Mas ao contrário de Deng Xiaoping, que ajudou a lançar as reformas do país há 40 anos e queria reduzir o poder e a influência do Partido Comunista sobre a sociedade civil, o atual líder chinês acredita no poder absoluto do Partido e quer que seu governo exerça controle sobre todos os aspecto da vida chinesa.
Desde que chegou ao poder em 2012, Xi reprimiu severamente os direitos humanos, a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Os cristãos estão enfrentando algumas dos piores níveis perseguição no país em décadas.
"Sob liderança do presidente Xi, o governo chinês reforçou ainda mais o controle sobre o cristianismo em seus amplos esforços para 'sinicizar' (adequar aos padrões comunistas da China) a religião", disse o Observatório dos Direitos Humanos em comunicado.
Os cristãos não estão sozinhos. Muçulmanos, budistas e outros grupos religiosos também estão sob intenso escrutínio.
"O governo chinês também aumentou as restrições sobre o budismo nas áreas tibetanas e impôs um controle sem precedentes sobre as práticas religiosas na região predominantemente muçulmana de Xinjiang", acrescentou a Human Rights Watch.
A recente prisão de um proeminente pastor da igreja ressalta o nível de perseguição contra os cristãos.
Contexto
Nos últimos meses, Pequim travou uma repressão brutal e generalizada para impedir o crescimento dessas igrejas não registradas. "Esta repressão, eu acho que é uma resposta direta ao medo dos líderes do Partido Comunista que vêem a igreja crescendo mais rápido do que o partido", disse Nettleton.
Fenggang Yang, um importante especialista em religião na China, diz que tal repressão começou há vários anos, quando uma pequena campanha do governo contra igrejas não registradas se transformou em guerra total.
"A campanha foi experimentada pela primeira vez na província de Zhejiang de 2014 a 2016", disse Yang à CBN News. "Agora, tornou-se uma campanha nacional".
Agora as autoridades rotineiramente visam casas de culto, destroem cruzes, queimam Bíblias e prendem pastores.
Fengang, que uma vez previu que a China poderia se tornar a maior nação cristã do mundo, diz que o governo, liderado por Xi Jinping, vê o cristianismo como uma ameaça às aspirações políticas de longo prazo do partido.
"Os cristãos são as ONGs restantes (organizações não-governamentais) no encolhimento da sociedade civil na China", advertiu Yang. "Sob a liderança de Xi Jinping e do Partido Comunista Chinês, eles estão realmente tentando estabelecer um governo totalitário da sociedade chinesa e os cristãos estão 'obstruindo' o caminho deste totalitarismo. É por isso que eles se tornaram um alvo".
Perseverança
No dia 9 de dezembro, autoridades da cidade de Chengdu, na província de Sichuan, sudoeste da China, prenderam o pastor Wang Yi, junto com sua esposa e 100 membros da igreja 'Early Child Covenant'.
As autoridades fecharam a igreja e acusaram o pastor Wang de "incitar a subversão do poder do Estado". Wang e sua esposa podem pegar até 15 anos de prisão se forem condenados.
Ian Johnson, que escreveu extensamente sobre o cristianismo na China e conhece pessoalmente o pastor Wang, disse: "Só podemos esperar e orar para que ele saia da prisão ou que a sentença seja leve, mas considerando o clima atual eu não estou tão certo ".
Após a prisão de seus líderes, os fiéis da Early Child foram proibidos de acessar o prédio onde realizam seus cultos. Porém, isso não os intimidou e eles realizaram o culto ao ar livre.