Autoridades do Partido Comunista Chinês retiraram à força a cruz do topo da Igreja Cristã de Chengdong, uma das igrejas “Three-Self” autorizada pelo regime e registrada na província de Jiangsu, em 2007. Apesar dos protestos dos cristãos, a cruz foi arrancada com a ajuda de um guindaste e vários trabalhadores especializados em demolição.
De acordo com um vídeo gravado no local, havia uma grande cruz no topo do prédio de quatro andares da igreja, que tem cerca de 3 mil membros.
Algumas dezenas de participantes da igreja estavam presentes e assistiram a todo o processo de remoção. Muitos deles questionaram a remoção da cruz. Alguns pediram que os demais membros orassem pela igreja, enquanto outros choravam.
No ano passado, houve uma intensificação da ação do governo contra as igrejas oficiais de “Three-Self” e congregações não oficiais, conhecidas como “igrejas domésticas” na China, um país onde acredita-se que existam pelo menos 150 milhões de cristãos, possivelmente até 200 milhões.
Em novembro de 2018, uma igreja “Three-Self” na província de Henan foi obrigada a apagar o primeiro mandamento exposto na fachada da igreja por funcionários do governo. Também em Henan, em 2018, as cruzes foram demolidas nas igrejas de Jiaozuo, Shangqiu e Anyang e, em meados de abril, uma igreja em Gongyi foi demolida à força.
O pastor Wang Yi e sua esposa Jiang Rong, da Igreja não oficial do Early Rain Covenant, na província de Sichuan, detidos no dia 9 de dezembro, permanecem na cadeia junto com pelo menos doze membros da congregação.
Uma declaração assinada por 500 líderes da Igreja em novembro de 2018 disse que as autoridades removeram cruzes de edifícios, forçaram igrejas a exibir a bandeira chinesa e a cantar canções patrióticas, além de proibirem crianças de frequentar cultos religiosos.
Guindaste usado para retirar cruz do topo do prédio da Igreja Cristã de Chengdong (Foto: Reprodução/ChinaAid)
Doação forçada
Além disso, uma igreja em Sanmenxia, Henan foi notificada verbalmente por oficiais do governo que o líder da igreja deveria assinar um documento “Acordo de Doação” e fazer um anúncio de que eles estão voluntariamente dando a igreja às autoridades locais.
Segundo os cristãos locais, os funcionários do governo pressionaram o líder da igreja a assinar o documento com justificativa de que era uma “ordem superior”, e o advertiu a não deixar que ninguém soubesse da ação. Eles alertaram que “as coisas não iriam correr bem” se ele não assinasse o documento.
Esta estratégia de coerção foi anteriormente implantada contra uma igreja clandestina localizada em Shangqiu, Henan em 1 de outubro de 2018. A igreja era considerada pelas autoridades como um local ilegal e não aprovado para eventos religiosos, e exigiam a demolição do edifício. Por causa da ordem, o líder da igreja acabou assinando um acordo com as autoridades para doar o prédio para o comitê local. O prédio foi então alugado pelo comitê da aldeia para desenvolver a economia local, embora fosse preservada.
Um cristão local comentou: “A igreja na vila de Mangzhongqiao não é a única tomada por seu comitê de aldeia, e aconteceu com outras aldeias também. [O] governo não permite que você tenha religião e é capaz de apresentar todos os tipos de abordagens e desculpas, como uma construção não autorizada ou uso ilegal da terra. Seu propósito é fechar igrejas. O que podemos fazer?”, questionou.