Evangélicos são forçados a participar de festival católico ou pagar multa, no México

As famílias protestantes que não puderam pagar tiveram a água cortada em suas casas.

Fonte: Guiame, com informações de Christian Solidarity WorldwideAtualizado: quarta-feira, 4 de maio de 2022 às 15:41
Pelo quarto ano consecutivo, as famílias protestantes tiveram a água cortada. (Foto: Christian Solidarity Worldwide).
Pelo quarto ano consecutivo, as famílias protestantes tiveram a água cortada. (Foto: Christian Solidarity Worldwide).

Famílias evangélicas em Chiapas, no México, estão sendo obrigadas a pagar uma multa por se recusarem a participar de um festival católico, que acontece todos os anos em maio. 

Já é o quarto ano que as 17 famílias, membros da Igreja Presbiteriana Alfa e Ômega em Nueva las Tacitas, são multadas ilegalmente ou obrigadas a irem ao Festival de Santa Cruz pela comunidade local.

De acordo com a Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização cristã que luta pela liberdade religiosa, a primeira multa foi dada em 2016, e desde 2019 são emitidas anualmente para quem não participa.

Seis das famílias protestantes se recusaram a participar do evento católico e foram forçadas a pagarem uma multa de cerca de 75 reais ou tiveram seu abastecimento de água cortado pelas autoridades locais até quitarem o valor.

Em alguns anos, os evangélicos chegaram a ficar cinco meses sem acesso a água encanada até conseguirem juntar dinheiro para pagar a multa ilegal. Em maio de 2021, a multa aumentou para cerca de 125 reais. Desde lá, a comunidade evangélica cresceu e agora 10 famílias enfrentam a punição.  

Segundo o pastor local Miguel Gómez Pérez, as autoridades possuem uma lista na delegacia com todos os nomes dos membros da igreja presbiteriana e vão nas casas de cada família para cobrar a multa. Ao CSW, o líder revelou que o dinheiro cobrado é usado para comprar bebidas alcoólicas e refrigerantes para o festival.

Josefina Cruz Ruiz, uma das evangélicas, relatou que as tarefas domésticas se tornaram um desafio quando o acesso à água foi cortado. Ela e outras mulheres da comunidade perseguida precisaram caminhar até um pequeno riacho a 20 minutos de suas casas para coletar água para beber, cozinhar e limpar.

As cristãs também passaram a depender do córrego para lavar as roupas da família, carregando entre 10 e 15 kg de roupas na cabeça.

“É inadmissível que essas famílias enfrentem o corte de serviços de água pelo quarto ano consecutivo, sem uma solução duradoura por parte do governo”, declarou a chefe de advocacia da CSW, Anna Lee Stangl. 

E denunciou: “As famílias foram claramente visadas por causa de sua fé e com a intenção de pressioná-las a se conformarem com a religião majoritária em Nueva las Tacitas”.

 

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