Em agosto, radicais Fulani promoveram diversos ataques à comunidade cristã de Yelwa Zangam, no estado de Plateau, na Nigéria, matando 40 cristãos, incluindo 12 crianças.
Juliet Yohanna, uma mãe grávida de cinco filhos, sobreviveu milagrosamente a um dos massacres, que matou 14 membros de sua aldeia. “Naquele dia fatídico, os Fulani foram vistos nas colinas se movendo como se estivessem passando”, contou Juliet ao jornal Sun News.
“Nosso povo não conseguiu dormir naquela noite. Mas enquanto tentávamos dormir um pouco nas primeiras horas do dia fatídico, os pastores (radicais) atacaram e os pegaram desprevenidos. Eles mataram 14 pessoas da comunidade, queimaram nossas casas e destruíram nossos alimentos. Não tínhamos para onde correr e nenhuma ajuda vindo em nossa direção”.
Para proteger seus filhos, a mãe pensou rápido: pegou as crianças e se escondeu num buraco de mineração para fugir dos militantes. Durante os quatro dias seguintes, Juliet e os filhos permaneceram escondidos, sem comer e beber. Enquanto isso, o esposo da mulher procurava a família desesperadamente e não os encontrando, concluiu que haviam sido assassinados no ataque.
Hoje, Julit conta que ela e os filhos conseguiram sobreviver graças à proteção de Deus. Segundo ela, os Fulanis chegaram a passar pelo buraco onde estavam escondidos, mas não os avistaram.
“Foi Deus quem nos salvou. Nunca soube que conseguiria. Imagine ficar quatro dias sem água. E eu estou grávida. Meus filhos também suportaram toda a situação”, testemunhou a mãe.
Perseguição na Nigéria
Conforme o relatório “Nigéria: Abordando a violência contra comunidades cristãs”, em 2018, os conflitos promovidos pelos fulanis foram seis vezes mais mortais do que os realizados pelo Boko Haram.
Segundo o Portas Abertas, por causa do forte armamento e informações militares, acredita-se que os radicais fulanis sejam patrocinados por autoridades do governo da Nigéria. Muitos pastores andam armados para proteger seus rebanhos e são associados a estupros, roubos e violência comunitária.
O Gerente Regional da International Christian Concern (ICC) na África, Nathan Johnson, cobrou uma atitude do governo da Nigéria frente aos constantes massacres a cristãos no país.
"Esses ataques bárbaros e devastadores devem ser interrompidos. A perda de tantas vidas sem nenhuma ajuda do governo significa que os agressores provavelmente continuarão com a violência. O governo nigeriano deve descobrir uma maneira de parar esses ataques mais rapidamente e, em seguida, deve punir severamente aqueles que cometem essas atrocidades”, pediu Johnson.
De acordo com com Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety, na sigla em inglês), uma ONG sediada na Nigéria, em apenas 200 dias, cerca de 3.462 cristãos já foram mortos por militantes Fulani e pelo grupo terrorista Boko Haram no país africano, no primeiro semestre de 2021.