“Investimos em conferências, mas as missões têm sido deixadas de lado”, diz pastor

Em entrevista ao Guiame, o pastor Robson Zagabria fala sobre a atuação do projeto Poço de Jacó no Nordeste Brasileiro e a necessidade de se investir em missões.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: quinta-feira, 8 de agosto de 2019 às 20:00

A Região Nordeste continua sendo uma das menos evangelizadas do Brasil. Pelo 6 mil assentamentos continuam sem a presença de uma igreja evangélica, de acordo com a Secretaria de Missões da Assembleia de Deus no Maranhão.

Dentre os 15 milhões de habitantes da zona rural do Sertão Nordestino, menos de 0,1% são evangélicos. Esta é a realidade que o projeto Poço de Jacó pretende mudar, focando não apenas no evangelismo, mas também no desenvolvimento econômico e social.

O Poço de Jacó atua especialmente nos sertões do Ceará e Paraíba, em comunidades que são carentes de estrutura, emprego e fé. A visão do pastor Robson Zagabria, que está à frente do projeto, é alcançar lugares onde a Igreja não tem chegado.

“Nós temos comunidades no Nordeste que não têm energia elétrica, não têm Wi-Fi, então é preciso ir alguém até lá para poder falar do amor de Jesus”, disse o pastor Robson em entrevista ao Guiame na ExpoEvangélica.

Embora muitas igrejas tenham conferências sobre missões ou promovam impactos por dias ou semanas, Robson avalia que é necessário um despertar para a missão integral. “É preciso um investimento direto nas missões — tanto na vida das pessoas que estão morrendo de sede e fome, quanto na vida dos missionários”, observa.

“Não temos visto a instituição, que nós chamamos de Igreja, fazer missão. Os templos se tornaram tão confortáveis que as pessoas não querem sair dali. Temos uma palavra todo domingo de motivação para a semana, e isso tem feito com que as pessoas se acomodem e fiquem ali”, avalia o pastor.

“Às vezes, os próprios pastores não querem mandar seu ministro de louvor, seu diácono ou presbítero para uma missão, porque ele vai ficar desfalcado. Há uma necessidade de um despertar da liderança da Igreja Brasileira para fazer discípulos e enviá-los; tirá-los desse âmbito da carreira ministerial”, acrescenta.

O pastor Robson destacou que grandes igrejas estão nas capitais brasileiras, mas muitas não têm se expandido para comunidades precárias do Evangelho. 

“Aqui em Fortaleza, por exemplo, temos grandes igrejas, mas estamos na capital mais violenta do Brasil”, observa. “E eu me pergunto: mas e o efeito da Igreja? A Igreja não tem feito missão nem em seu bairro, porque não estamos incentivando e treinando, como Jesus fez”.

De acordo com a JOCUM, o cristão brasileiro investe, em média, somente R$ 1,30 por pessoa por ano para missões transculturais. Por outro lado, o pastor Robson acredita que esta realidade não é resultado da falta de condições financeiras.


Momento de culto na comunidade Malhada Vermelha em Santo André, no interior da Paraíba. (Foto: Poço de Jacó)

“Investimos tanto em conferências, em congressos, em estrutura — não há nenhum prédio de igreja barato. Mas a missão tem sido deixada de lado. Eu creio que estamos precisando de um despertar de líderes remanescentes que olhem para seus templos e digam: isso não é suficiente, precisamos sair”, incentiva.

Poço de Jacó e seu impacto no Nordeste

O Poço de Jacó provoca impacto nas comunidades através de ferramentas de desenvolvimento social, econômico e evangelismo. A visão do projeto não é levar uma assistência social pontual, mas impulsionar a comunidade a se autossustentar. 

Isso é feito através da metodologia de Transformação Integral Comunitária (TIC), originada do inglês Community Health Evangelism (CHE), que incentiva as pessoas a desenvolver projetos sustentáveis em suas comunidades. 

Na comunidade Malhada Vermelha em Santo André, no interior da Paraíba, por exemplo, um trabalho de evangelismo de casa em casa resultou também em uma plantação para sustento do projeto. 

No município de Pentecoste (CE), na comunidade Riacho da Porta, uma igreja foi plantada juntamente a um trabalho de desenvolvimento social. Foi perfurado um poço de água e a comunidade foi ensinada a trabalhar em cooperativa, através de plantações de pitaya, mamão, limão, pimenta e outros itens.

“A ideia é criar uma plataforma na qual eles próprios se desenvolvam. Nisso nasce uma igreja, uma comunidade evangelizadas através do testemunho”, afirma o pastor Robson.

Saiba como ajudar
Veja mais informações sobre o Poço de Jacó Brasil através do site www.pocodejaco.org. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail robson@pocodejaco.org.

Doações podem ser realizadas através dos seguintes dados bancários:

ONG. Poço de Jacó
22.457.166/0001-74
Ag: 1292-0
CC: 37.484-9
Banco do Brasil

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