Sete crentes estão em confinamento solitário no Irã sem acesso a advogados. Eles estão sendo acusados de fazerem “propaganda contra o regime” político daquele país.
Segundo relatou a organização de direitos humanos Artigo 18, em 1º de julho agentes de inteligência iranianos invadiram as casas de cristãos convertidos e prenderam oito pessoas, incluindo cinco membros de uma família.
Eles também confiscaram publicações cristãs, fotos, laptops, telefones celulares, documentos de identidade e cartões bancários. Uma fonte informou que as prisões foram realizadas com gravidade desnecessária e na presença de crianças pequenas.
Agentes de segurança, em mais uma demonstração de força, chegaram a seis carros para prender a matriarca, Khatoon Fatolahzadeh. Ela foi liberada mais tarde no mesmo dia por causa de sua idade.
De acordo com Miles Windsor, da Middle East Concern, a pressão está crescendo no país, enquanto os crentes pagam com a liberdade por reivindicar o nome de Cristo.
Em um incidente separado, cinco homens acusados de “propaganda contra o regime” começaram a cumprir sentenças de prisão em 6 de julho. As sentenças destes cristãos iranianos variam de quatro a 14 meses.
"Eles não fizeram nada para minar o Estado ou espalhar propaganda contra o Estado", enfatiza Windsor. "Eles estão sendo presos por causa de sua fé no Senhor Jesus. Isso é verdade para muitos cristãos que enfrentam esse tipo de acusação”, afirma.
Windsor diz que “é muito importante orar para que nossos irmãos e irmãs [no Irã] sejam fortes em um contexto muito difícil".
Relações internacionais
A situação não é apenas difícil, é muitas vezes complexa, e envolve relações internacionais.
Em um evento da Christians United for Israel na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, condenou o abuso do Irã, chamando a Prisão de Evin de “calabouço de regime”. No mesmo discurso, Pompeo discutiu um plano para continuar a pressão sobre o Irã para abandonar seu programa nuclear.
Essa atenção “de alto nível” para o sofrimento dos cristãos iranianos é definitivamente uma coisa boa, diz Windsor. No entanto, ele também pede cautela ao conectar crentes perseguidos a temas como o desenvolvimento nuclear, os EUA e Israel. Para ele, sse tipo de associação pode fazer mais mal do que bem.
O antagonismo entre Irã e Israel e entre o Irã e os EUA não é segredo. Embora o cristianismo tenha se originado no Oriente Médio, as autoridades iranianas o consideram uma religião "ocidental". Portanto, os convertidos ao cristianismo tornam-se automaticamente “culpados por associação” - há uma conexão assumida, mesmo que os crentes não tenham vínculos com Israel ou com os EUA.
“Então, acho que a oração pela determinação contínua de nossos governos [é importante], mas também grande sensibilidade, nuance e sabedoria, dado o potencial de danos, apesar das melhores intenções”, diz Windsor.
O Irã figura como 9º país na Lista Mundial da Perseguição, elaborada pela organização cristã Portas Abertas.