Mais de 100 mil cristãos de Myanmar estão buscando refúgio na Malásia, depois de serem forçados a fugir de suas casas, devido à perseguição religiosa promovida por grupos de budistas radicais. As informações são da TRT World, a emissora pública nacional da Turquia.
"Myanmar não é um lugar seguro para nós", disse um refugiado cristão. "Eles mataram pessoas, mandaram outras para a prisão, simplesmente por causa da religião".
Apenas 6% da população da população total de Myanmar (55 milhões de pessoas) é de cristãos e cerca de 4% de muçulmanos. Grupos de direitos humanos documentaram violações brutais de direitos contra cristãos e muçulmanos na nação de maioria budista, incluindo desapropriações, torturas, trabalhos forçados e estupros.
Myanmar ficou em 28º lugar na lista sobre perseguição religiosa da Missão Internacional Portas Abertas para 2017. O relatório atualizado anualmente dos 50 países onde os cristãos são perseguidos por causa de sua fé.
As notícias sobre conflitos religiosos e étnicos são por diversas vezes encobertas em Mianmar - nação anteriormente conhecida como Birmânia. O país do Sudeste Asiático é um mosaico de mais de 100 etnias únicas.
Muitas das minorias étnicas chegaram a travar insurgências prolongadas e sangrentas contra o regime militar anterior, que era administrado pela maioria étnica 'Bamar'.
A gloriosa vitória da líder da oposição e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi nas eleições gerais de 2015 em Myanmar foi saudada como a primeira votação livre e justa do país em 25 anos e trouxe nova esperança para as minorias religiosas e étnicas. Mas o novo governo foi acusado de ignorar a perseguição promovida pelas forças de segurança.
De acordo com um relatório perturbador das Nações Unidas, os militares e policiais birmaneses podem ter cometido crimes contra a humanidade, durante uma repressão de quatro meses contra os muçulmanos 'apátridas' Rohingya. O relatório, que se baseia em entrevistas com mais de 100 refugiados Rohingya, incluiu relatos horripilantes de bebês e crianças sendo apunhalados até a morte.
O governo birmanês repetidamente negou acusações de perseguição contra os Rohingya. Um porta-voz do partido de Aung San Suu Kyi disse à 'BBC News' que as alegações no relatório da ONU eram "exageradas" e uma questão "interna" e não "internacional".
Os Rohingya residem principalmente no estado de Rakhine do norte perto da fronteira entre Myanmar e Bangladesh. A origem do grupo étnico é disputada pela população de maioria budista em Rakhine, que argumentam que os muçulmanos Rohingya não são indígenas do Estado e, portanto, não podem ter cidadania.
Alguns muçulmanos Rohingya tornaram-se cristãos, uma escolha que Portas Abertas diz que faz até mesmo o seu próprio povo odiá-los.
"Eles acabam se tornando marginalizados", diz a organização cristã em seu site.