Cinco membros de uma igreja doméstica na China foram detidos pela polícia durante os Jogos Olímpicos de Inverno, em fevereiro. A Divine Love Fellowship, em Pequim, vem sendo perseguida pelas autoridades locais desde sua fundação, há 30 anos.
De acordo com a China Aid, um veículo cristão que denuncia casos de perseguição, os crentes, incluindo um ancião, foram retirados de suas casas e mantidos em prisão domiciliar em outros locais durante duas semanas ou mais.
Em 4 de fevereiro, no mesmo dia em que aconteceu a abertura dos Jogos de Inverno, o ancião da igreja Xu Yonghai, junto com outros membros, foram levados por agentes de segurança pública para um hotel. Yonghai foi colocado em prisão domiciliar no “Zhe Fei Coffee Shop”, próximo da delegacia local de Desheng, em Pequim.
Li Xuehui também foi levado para um hotel nos arredores de Pequim e mantido em prisão domiciliar. O ativista pró-democracia He Depu e a advogada defensora dos direitos humanos Ni Lanyu foram proibidos de saírem de casa. Já Yan Zhengxue, um artista cristão, foi levado pela polícia para a Fazenda de Morangos de Pequim.
Todos eles são membros da igreja Divine Love, que tem abrigado e apoiado ativistas cristãos que lutam por liberdade e democracia em Pequim, atraindo a repressão das autoridades comunistas.
Antes do início dos Jogos Olímpicos, o governo já havia alertado os cristãos perseguidos a “se comportarem” e “ficarem quietos” durante o evento olímpico.
De acordo com Zhang Wei, um contato local da Portas Abertas, em momentos de grandes eventos, os líderes religiosos cristãos são avisados para “permanecerem invisíveis no domínio público''. Se as igrejas não cumprirem essas regras, correm o risco de serem interrompidas.
Igreja perseguida há 30 anos
O ancião Xu Yonghai foi um dos pioneiros perseguidos no início da Divine Love, uma das primeiras igrejas domésticas fundadas após o massacre de 4 de junho em Pequim. Em 1995, ele e o pastor Liu Fenggang foram enviados para campos de trabalho forçado por dois anos e meio, após serem acusados de caluniar o governo.
Depois de ser libertado da prisão, Xu Yonghai continuou liderando a igreja doméstica e protegendo os direitos dos membros da congregação. A Divine Love Fellowship atraiu muitos ativistas sociais e outras pessoas contrárias à ditadura do Partido Comunista Chinês.
Ao longo dos anos, muitos membros da igreja foram presos por protestarem por seus direitos, como Hu Shigen, ancião da congregação e ativista social, detido em 2015 e condenado a sete anos e meio de prisão.
Outros fiéis foram forçados ao exílio no exterior, como o pastor Liu Fenggang , Gao Feng, Gou Qinghui, Wang Chunyan, Zhang Quansheng e outros. E ainda há aqueles que estão desaparecidos.
O governo também mantém o filho de 8 anos de uma mãe solteira e fiel da igreja, chamada Li Yu, em um orfanato e proíbe qualquer contato entre eles.