Missionária brasileira leva surdos a Jesus em Angola: “Deus me guiou”

A missionária Renata Santos de Oliveira testemunhou os frutos do ministério em Angola através do evangelismo inclusivo.

Fonte: Guiame, com informações de Junta de Missões MundiaisAtualizado: quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025 às 14:09
O Primeiro Congresso Nacional de Surdos e Intérpretes. (Foto: Reprodução/Junta de Missões Mundiais)
O Primeiro Congresso Nacional de Surdos e Intérpretes. (Foto: Reprodução/Junta de Missões Mundiais)

Uma missionária que trabalha na evangelização de surdos em Angola testemunhou o avanço no ministério e os frutos da missão no local.

Em agosto de 2024, Renata Santos de Oliveira — missionária e coordenadora da área de Ações Acessíveis de Missões Mundiais — participou do Primeiro Congresso Nacional de Surdos e Intérpretes, realizado pela Convenção Batista Angolana (CBA) com o apoio da Junta de Missões Mundiais.

O evento contou com a participação de sete das 18 províncias de Angola, reunindo mais de 100 pessoas, entre surdos e ouvintes, incluindo alguns pastores locais. 

O objetivo do evento era motivar e capacitar surdos, ouvintes e as lideranças eclesiásticas a se engajarem na jornada por acessibilidade para o avanço do ministério com surdos em Angola.

“O Congresso foi impactante, especialmente para aqueles que não sabiam como criar ou desenvolver um ministério acessível em suas igrejas. A nossa missionária Rosângela Teck palestrou sobre como iniciou o ministério com surdos no país em 2004 e como tem lutado para expandir essa visão por toda Angola”, disse Renata à Junta de Missões Mundiais. 

E continuou: “Perguntei a ela se algum dia havia sonhado que suas orações chegariam tão longe, pois, verdadeiramente, Deus tem realizado grandes coisas entre os surdos de Angola”. 

Segundo Renata, um dos primeiros surdos convertidos na região foi Francisco Cassinda Epamba. Hoje, ele é o primeiro pastor surdo da CBA e também missionário de Missões Mundiais. Além disso, é responsável pelo avanço do trabalho com surdos em todo o país. 

Consolidação do ministério

O congresso contou com o testemunho de várias pessoas, entre surdos e ouvintes, porém o relato de uma surda chamou a atenção de Renata:

“Nascida em um lar cristão, seus pais eram membros de uma igreja batista, porém, pelo fato de que em nenhuma igreja batista havia trabalho com surdos ou interpretação dos cultos, ela buscou refúgio em ‘seitas’ — locais que diziam pregar o Evangelho, mas sem apontar Cristo como Deus e Salvador”. 

A missionária contou que a surda chorava, querendo se alimentar da Palavra de Deus, mas não havia quem interpretasse para ela. 

No congresso, ela se emocionou e compartilhou que estava vivendo um sonho ao ver tantos surdos e intérpretes reunidos, aprendendo e se capacitando ainda mais para dar continuidade ao ministério com surdos em suas igrejas e dispostos a expandi-lo para outros locais onde mais surdos precisam ser alcançados. 

“Para mim, é uma alegria ter sido escolhida por Deus para ver o agir Dele entre surdos e pessoas que necessitam de acessibilidade em Angola e no mundo”, afirmou Renata. 

“Agora, temos a Área de Ações Acessíveis, à qual tenho a honra de coordenar. Através dela, temos dado suporte e treinamento em Angola. No ano passado, ministramos dois cursos online, capacitando pessoas para trabalharem nas igrejas com surdos e na educação com inclusão de crianças atípicas”, acrescentou.


Os surdos estão sendo alcançados pelo Evangelho. (Foto: Reprodução/Junta de Missões Mundiais)

Após o congresso, o pastor Francisco permaneceu na província do Uíge por mais uma semana, acompanhado do intérprete Gabriel Cinco Reis, para consolidar os cristãos em matéria de Língua Gestual e implantação de ministérios com surdos. 

A participação contou com mais de 60 pessoas de diferentes igrejas batistas, onde seis surdos foram alcançados. 

Testemunhos e frutos da missão

Este ano, Renata voltou a compartilhar sobre o trabalho em Angola, destacando o avanço do ministério a partir do congresso passado.

“Foram tantas bênçãos e realizações que, a cada momento, agradeci a Deus por tudo que Ele fez em mim e através de mim. Um ano cheio de desafios, de batalhas espirituais, algumas que me fizeram questionar até se era hora de desistir. Mas, as vitórias foram tantas que vejo claramente que Deus me guiou, preparando para algo novo, maior do que poderia imaginar”, testemunhou a missionária. 

Em 2024, um dos maiores focos da missão foi o trabalho com a Área de Ações Acessíveis (A3). Segundo Renata, os líderes decidiram que era o tempo da missão alcançar surdos, cegos, cadeirantes e pessoas com deficiência. 

“Não apenas como alvo da missão, mas como força missionária, como alguém relevante para participar no reino de Deus. E o que vivemos foi a confirmação disso”, afirmou.

Dentre os frutos do trabalho evangelístico no local, Renata relatou a realização de um encontro de casais para surdos com aconselhamento e discipulado, oficinas de trabalhos manuais para cegos, dinâmicas com crianças típicas e atípicas, e um projeto de empreendedorismo inclusivo. 


Evangelismo com as crianças. (Foto: Reprodução/Junta de Missões Mundiais)

Além disso, ela também mencionou que os cristãos ajudaram na construção de uma igreja local. 

“Cada um com um dom, com um coração disposto para alcançar os que a sociedade normalmente esquece. Fizemos trabalho de aconselhamento diagnóstico para crianças atípicas, tipo de serviço raro de ser encontrado em Angola. Auxiliamos professores no cotidiano, com crianças atípicas dando oficinas de formação em várias áreas. Foi extraordinário”, disse ela.

E continuou: “O 1º Congresso de Surdos, em Angola, foi um marco e agora estamos com o projeto de expansão de Ministérios com Surdos em três províncias de Angola. Me emociono de tanta gratidão ao ver tudo o que Deus fez em 2024. Cada vitória, desafio superado, vida tocada, batalha enfrentada, tudo isso é Ele em ação. E mesmo nas batalhas, sei que Ele estava ali, treinando minha musculatura espiritual”. 

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