Os cristãos de uma cidade no sul da Etiópia ficaram chocados quando muçulmanos locais atacaram 10 igrejas, no início de fevereiro, destruindo e queimando propriedades, além de Bíblias, livros de música, instrumentos, bancos e cadeiras, de acordo com agências de ajuda humanitária.
Cantando o slogan jihadista “Allahu akbar [Deus é grande]”, os muçulmanos em Halaba Kulito tiveram como alvos edifícios de culto pertencentes a oito denominações, informaram as agências de ajuda Steadfast Global e Voice of the Martyrs-Canada. O edifício da igreja de Kale Hiwot Galeto foi completamente destruído.
“A multidão enfurecida de moradores muçulmanos de todas as idades de toda a cidade se dirigiu às igrejas cantando 'Allahu Akbar' depois de receber informações falsas de que uma mesquita na área rural tinha sido bombardeada”, disse um representante da Steadfast Global, cujo anonimato foi solicitado.
O ativista conta que “o conteúdo de todas as igrejas foi removido dos edifícios e incendiado na rua”.
Apesar da destruição, todas as congregações conseguiram se reunir para o culto no domingo seguinte, informaram as agências. Ao mesmo tempo, após o ataque, um número significativo de cristãos escolheu não se reunir para a adoração por medo. O governo local alocou policiais para cada um dos prédios das igrejas atacadas.
A maioria das igrejas está reunindo contribuições de seus membros para tentar substituir itens danificados, mas eles precisarão da ajuda da igreja em geral, de acordo com as agências de ajuda, que distribuíram fundos de emergência e estão estudando maneiras para os parceiros ajudarem a restaurar e reconstruir.
Vandalismo
Segundo o ativista cristão, testemunhas disseram ter havido uma conferência islâmica em Halaba Kulito cerca de uma semana antes dos ataques, que incluiu oradores extremistas que incitaram os muçulmanos. Porém, disse o ativista, não havia informações sobre o que foi dito na conferência.
Ele contou ainda que testemunhas indicaram que os agressores foram claramente instruídos a atacar apenas a propriedade e não os cristãos.
“Uma das igrejas atacadas, a Meserete Kristos, foi novamente vandalizada, e os cristãos da área enfrentaram intimidação e ameaças”, acrescentou.
Enquanto o prédio da igreja Kale Hiwot Galeto foi destruído no ataque de, os trabalhadores humanitários acreditam que os outros nove edifícios da igreja não foram incendiados apenas por causa do risco de propriedades vizinhas de muçulmanos.
A polícia municipal esteve presente durante quase todos os ataques, mas não tomou medidas, informaram as agências.
Os ataques duraram cerca de cinco horas, com a polícia estadual chegando à cidade no início da tarde para restaurar a ordem. Alguns dos agressores teriam sido presos e colocados sob custódia, e as agências de ajuda acreditam que serão acusados e julgados.
Estima-se que mais de 9.900 fiéis frequentem as 10 igrejas. Um pequeno número de cristãos sofreu ferimentos leves e voltou para casa depois de receber tratamento hospitalar, incluindo dois que ficaram mais gravemente feridos, de acordo com as agências de ajuda.